É quase uma pena que este filme tenha sido produzido com um orçamento incompatível com a sua ambição. Caso este detalhe não tão insignificante tivesse sido adequadamente suprido, os exageros do roteiro co-escrito pelo diretor John Carpenter e pelo astro Kurt Russell seriam um pouco mais palatáveis. Por outro lado, tal característica meio que mantém a aura cult de Fuga de Nova York, do qual este trabalho é seqüência direta e que no início da década de 80 ajudou a construir o bom nome de Carpenter como um diretor de filmes baratos e atrativos o suficiente para que fossem ao menos vistos.
Snake Plissken (Russell) está de volta. Para não fugir do óbvio, ele faz o mesmo exato percurso do filme original: começa preso e algemado, é obrigado a aceitar uma missão impossível e suicida e, no final, bem... Basta dizer que as coisas também não mudam muito de figura. A história, obviamente, se passa vários anos após a primeira. Dessa vez, a ilha-prisão é a cidade de Los Angeles, que após um terremoto tornou-se o lugar ideal para abrigar os degenerados capturados pela cruzada moral do novo presidente dos Estados Unidos (Cliff Robertson). Quando sua filhinha querida e revoltada se perde em LA, os militares só pensam em Plissken para recuperar um valioso controle remoto que está em poder da moça, que por sua vez está mancomunada com o inimigo terrorista número 1 da América (Georges Corraface).
Há vários motivos do porquê esta continuação supera o filme original. Ela só não vai mais longe devido à falta de dinheiro mesmo, que fica mais do que evidente nas cenas que usam efeitos especiais. Muitas delas, como a aterrissagem de Snake com uma moto sobre uma picape, a escapada do anti-herói numa prancha de surfe (!) e o seu trajeto de torpedo até a ilha de Los Angeles (que fica devendo até para os games mais caprichados de um Playstation 2, por exemplo), simplesmente puxam o longa para a categoria B à qual o primeiro filme sempre pertenceu. Sem estes exageros talvez Fuga de Los Angeles pudesse se passar por um entretenimento menor dentro da onipresente safra de blockbusters de ação.
As melhorias ficam por conta do ritmo mais cadenciado da ação futurista e da melhor caracterização dos personagens coadjuvantes, que dão um quê de "Snake Plissken no País das Maravilhas" à história. Steve Buscemi é o pateta de sempre, enquanto Pam Grier e Bruce Campbell estão quase irreconhecíveis sob a maquiagem. O longa também é bem servido de mocinhas bonitas (A.J. Langer e Valeria Golino, que humaniza um pouco a carranca do anti-herói). Com os mesmos tipos de gracinhas já vistas envolvendo Snake Plissken, e trocando a sua suposta morte por sua baixa estatura, a diversão é razoável para quem não for muito exigente ou para aqueles que guardam uma inevitável nostalgia pelo personagem. Em tempo: segundo o imdb.com, é Kurt Russell mesmo quem marca todas aquelas cestas no desafio do basquete, até mesmo no último e impossível arremesso... Então tá então, uai!
O único extra do DVD é o trailer do filme.
Visto em DVD em 22-OUT-2006, Domingo - Texto postado por Kollision em 26-OUT-2006