Visto em DVD em 26-ABR-2009, Domingo
Dez anos depois de fazer Viridiana, Buñuel volta a um terreno parecido com Tristana. A nova protagonista (Catherine Deneuve) é uma moça órfã tutelada por um aristocrata decadente (Fernando Rey, o bode velho favorito do diretor espanhol) que acaba sendo coagida a se tornar amante de seu benfeitor. A situação vai ficando cada vez mais insustentável até o dia em que ela conhece um artista de outra cidade (Franco Nero), o que irá incentivá-la a se desvencilhar da prisão em que vive. Opressão, obsessão e subversão de papéis convivem em mais um caldeirão de relacionamentos onde a moralidade masculina é enaltecida e ultimamente humilhada, à medida em que Tristana atravessa as várias fases de sua vida. Buñuel cria uma expectativa bastante específica para depois quebrá-la de forma quase cruel - o amor dá lugar ao egoísmo e a indiferença entra sorrateira onde somente havia virtude. Existem várias formas de se interpretar o conteúdo do filme, mas nenhuma delas é tão contundente quanto a visão amarga de que o processo de amadurecimento afeta cada um à sua maneira, e que experiência nem sempre significa sabedoria. Catherine Deneuve tem ótima atuação, na minha opinião mais expressiva que no clássico A Bela da Tarde.
Os únicos extras do DVD são biografias curta de Buñuel, Catherine Deneuve e Franco Nero.