Visto em DVD em 12-JUL-2008, Sábado
Obra-prima e último filme do inimitável Luis Buñuel, esta história sarcástica, dramática, engraçada e cruel é provavelmente a representação máxima da desgraça que uma mulher é capaz de trazer ao homem, uma vez que ela o tem sob seus encantos. A vítima é o aristocrata protagonizado por Fernando Rey, que arria as quatro rodas por Conchita, a recém-contratada camareira hispânica. Numa jogada típica de Buñuel, Conchita é interpretada por duas atrizes, Carole Bouquet e Ángela Molina, que se revezam e confundem o espectador quanto a alguma óbvia intenção do diretor por trás de tal estratagema. Ambas belíssimas, porém com fisionomias nada parecidas, elas estão perfeitas como a representação do tal "obscuro objeto do desejo", a força motora que leva o bode velho a um constante estado de angústia e desespero. O que torna o longa mais acessível a quem não curte muito as viagens surreais do diretor espanhol é o fato de que suas escapulidas no âmbito metafórico são bem reduzidas, jamais interferindo na narrativa de forma incisiva. Exemplos são as passagens em que o protagonista leva um saco nas costas, ou quando um bebê recém-nascido é substituído por um porco. Sob um certo ângulo, Esse Obscuro Objeto do Desejo soa como a evolução ideal do que Buñuel havia ensaiado 25 anos antes em O Alucinado. Fantástico!
Os extras do DVD se resumem a uma biografia curta de Luis Buñuel e Fernando Rey e a uma pequena galeria de pôsteres do filme.