Visto em DVD em 15-FEV-2009, Domingo
Viridiana (Silvia Pinal) é uma freira dedicada que certo dia deixa o convento para visitar o tio distante (Fernando Rey), que sempre a sustentou e pagou seus estudos. Ele demonstra um pouco mais que afeto familiar para com ela, e o destino faz com que a moça acabe deixando o convento para morar em sua propriedade. Um grande conflito surge então quando ela decide ajudar os pobres do vilarejo, o que vai contra as ideias modernistas de um primo aristocrata recém-chegado que ela não conhecia (Francisco Rabal). Buñuel traça aqui um cenário de contrastes extremamente propício à crítica social e religiosa, escancarando abismos construídos por culturas intransponíveis e alargados por um senso de nobreza vazio em suas conquistas. Há muito o que se pensar a partir da sucessão de imagens, em especial de passagens como aquela que coloca lado a lado mendigos em êxtase religioso e trabalhadores de índole capitalista, ou aquela que reconstrói a cena da última ceia com uma turba de pés-inchados que chafurda na efêmera riqueza de uma noite, como ratos que dão uma festa quando o gato sai para passear. Como sempre nos melhores de seus trabalhos, o cineasta espanhol enriquece seus personagens de forma sutil (atenção ao papel crucial que desempenha a empregada Ramona, interpretada por Margarita Lozano), deixando muito da interpretação final a cargo da platéia. Como no desfecho anti-climático, que consegue ser ao mesmo tempo algo tenso, triste e indiscutivelmente alegre.
O único extra do DVD são biografias curtas de Luis Buñuel e Silvia Pinal.