Visto no cinema em 6-ABR-2011, Quarta-feira, sala 2 do Multiplex Pantanal
Se há algo que soa natural diante do nível de sofisticação dos efeitos especiais atualmente vigentes em Hollywood é a ideia de que qualquer mundo pode ser criado, independente de sua complexidade. Sucker Punch vai de encontro a essa constatação ao apresentar uma série de abstrações extremas, disfarçadas sob a forma de delírios surreais que se passam na mente de uma adolescente aprisionada num sanatório (Emily Browning). Colocada lá após passar por uma tragédia familiar e escapar da violência do padrasto, ela se isola em sua mente sempre que se depara com uma situação desafiadora em particular. Em sua imaginação, a moça habita mundos fantásticos e enfrenta perigos inimagináveis. Inicialmente sozinha, ela passa a contar mais tarde com a ajuda das amigas para executar um enigmático plano de fuga. O visual de sonho é acachapante em seu esmero técnico, enquanto a substância narrativa que lhe dá liga se dilui em sequências cujo tom enigmático procura se justificar no desfecho ousado do ponto de vista psicológico. O resultado é a esperada indagação sobre o que é ou não é real, e quem estaria de fato no controle das várias camadas mostradas na história. Mesmo sendo difícil evitar a sensação de vazio deixada pelas historietas aparentemente sem relação alguma entre si, quem gosta de filmes estranhos não tem do que reclamar. E o elenco feminino é um bônus que só mesmo anti-fetichistas e gente mal-amada têm peito para criticar.