Revisto em Blu-Ray em 6-MAR-2011, Domingo
Kick-Ass, o filme, funciona basicamente por causa do elenco bem escalado. Isso é fato. Analisando-o mais friamente, talvez o menos adequado seja Nicolas Cage. Não que ele não faça seu papel como deveria, mas talvez porque ele é o único que não se encaixa dentro da geração de atores presentes na história, e o estilo do herói que ele interpreta seja derivado de um grande ícone do gênero. Sobre Chloe Moretz, é difícil não se apaixonar por ela depois de vê-la em ação. Desde que vi Kick-Ass pela primeira vez assisti outros filmes em que ela aparece em papeis pequenos (como Regresso do Além e O Olho do Mal). Por mais que seja difícil admitir, é óbvio que Christopher Mintz-Plasse terá muita dificuldade para deixar para trás o estigma de McLovin - o futuro dele no cinema será provavelmente muito doloroso, mas ele permanecerá em evidência enquanto a fonte de Kick-Ass não secar.
Esta revisão serviu para esclarecer minha dúvida sobre a capacidade de Kick-Ass levar porrada. Sim, ele recebe uma série de implantes metálicos no corpo quando vai parar no hospital pela primeira vez. Mas isso não deu a ele nenhum fator de cura, deu?
As aventuras do adolescente fantasiado continuam em Kick-Ass 2.
Extras do blu-ray: uma faixa de comentários em áudio de Matthew Vaughn, um making-of de quase duas horas, um especial de 20 minutos sobre a origem quadrinística do filme e cinco galerias de desenhos e fotos de produção. Tudo em HD e devidamente legendado em português.
Visto no cinema em 2-AGO-2010, Segunda-feira, sala Cinemais 4 do Shopping Três Américas
A ideia conceitual de Kick-Ass, tanto o filme quando a HQ (desenvolvidos ao mesmo tempo), é de uma simplicidade e genialidade incríveis, e soa tão espetacular quanto alarmante quando se considera sua possível influência sobre jovens e impressionáveis mentes adolescentes. Nerd e fanático por heróis de história em quadrinhos, um estudante do colegial (Aaron Johnson) decide combater o crime como um de seus ídolos, com fantasia e tudo. O único problema é que ele não tem nenhum super-poder, não sabe lutar nenhuma arte marcial e carece de qualquer senso de perigo na cachola avoada. Ao se auto-intitular Kick-Ass, suas desastradas incursões como justiceiro noturno acabam por incentivar o surgimento de uma série de vigilantes fantasiados cujos destinos estão ligados ao um chefão do crime de Nova York (Mark Strong, agora especialista em papéis de vilão).
Todo fã de HQs ou mídias associadas sempre sonhou com um filme que retratasse fielmente o que se vê nas páginas das revistas, e Kick-Ass é provavelmente a adaptação que mais chega perto de conseguir esse intento. Alguns se incomodam com o fato de uma menina de 11 anos (Chloe Moretz, espetacular) proferir a palavra "cunt", mas não há como negar que isso é plenamente justificado no contexto do filme. A linguagem e a violência são herdadas da HQ (que é muito mais cruel e profana, diga-se de passagem), e o tratamento narrativo aproxima-se com louvor de uma bem-vinda veia tarantinesca. Expectativas são recicladas, quebradas e ultrapassadas por coisas como a incompetência crônica do protagonista, a ascensão do eterno McLovin à categoria de supervilão ou a vingança tardia de Nicolas Cage por nunca ter sido o Super-Homem no cinema. Não há dúvida: a mistura de ação, comédia e a dose certa de carga dramática fazem do filme um espetáculo de entretenimento de primeira categoria. Só não fiquei muito fã do fato do moleque levar porrada de tudo quanto é jeito e aparecer de cara limpa na escola no dia seguinte. Será que ele tem fator de cura e esqueceram de mencionar?