Revisto via Netflix em 6-DEZ-2015, Domingo
Revendo este primeiro Guerra nas Estrelas hoje, a poucas semanas do lançamento do Episódio VII de uma fábula que no início foi desacreditada por seu próprio criador, fica claro porque o filme gerou um séquito e uma mitologia tão abrangentes no universo pop. Bastou uma simples porém boa história, um design de produção adequado (ousado sem ser espalhafatoso) e uma trilha sonora épica. Do elenco também não há ressalvas, mas não deixo de pensar em como teria sido Luke Skywalker caso Mark Hamill tivesse perdido a vaga para William Katt. Analisando o longa com mais frieza, o que salta aos olhos como ponto positivo é o senso de aventura evocado pela jornada de Luke e a caracterização de personagens como Han Solo (Harrison Ford, que de mercenário rabugento passa a peça-chave na luta dos rebeldes contra o Império Galáctico). Obviamente as lutas e as passagens de combate espacial envelheceram, mas os atores e o clima previamente estabelecido pelos "futuros episódios anteriores" mantêm a mitologia do confronto intacta.
O filme é seguido pelo Episódio V - O Império Contra-ataca.
Texto postado por Kollision em 28/Maio/2005
Até há bem pouco tempo referido simplesmente como Guerra nas Estrelas, este é o lugar onde tudo começou e, também, o ponto onde a saga dos cavaleiros jedi RE-começa. Um fenômeno estranho, já que assistir aos episódios I, II e III, feitos mais de 20 anos depois deste, deve hoje ser o fluxo normal para qualquer platéia, facilitando o entendimento da trama para os novatos e dando aos velhos fãs e espectadores uma nova perspectiva dos fatos. George Lucas revelou, certa vez, que optou por iniciar sua saga na quarta parte devido à dificuldade inerente à tecnologia de efeitos especiais existente nos anos 70, em sua opinião precária para a realização do que ele tinha em mente para o Episódio I. Há que se dar razão a esta afirmação, pois Uma Nova Esperança tem o roteiro mais delimitado dos seis filmes e não exige coisas mirabolantes demais da equipe técnica (para os padrões atuais somente), podendo ser definido de forma rápida e rasteira como uma contenda simples entre o vilão Darth Vader e uma casta emergente de novos rebeldes que lutam contra o domínio do Império Galáctico.
Seguindo a atmosfera de derrota que se instaurou ao final do Episódio III, os sistemas estelares passam a viver sob a sombra maligna do Império, cujo mais temível arauto é Darth Vader (David Prowse, voz de James Earl Jones). Ninguém se lembra ou sequer acredita nas histórias sobre os destemidos cavaleiros jedi, brutalmente exterminados no capítulo anterior. Darth Vader entra em cena no encalço da princesa Leia (Carrie Fisher), líder de uma facção rebelde que conseguiu roubar os planos da Estrela da Morte, a mais nova super-arma a serviço do mal, capaz de destruir um planeta em segundos. Antes de ser capturada, ela consegue armazenar os planos no dróide R2-D2, enviando-o junto com C3PO para Tatooine com uma mensagem urgente a ser entregue a Obi-Wan Kenobi (Alec Guinness). O jovem piloto Luke Skywalker (Mark Hamill) se apossa dos robôs e as circunstâncias acabam levando-o a viajar com o então recluso Obi-Wan em busca de um meio de extrair os planos da memória do andróide. Além de descobrir sua vocação para a doutrina Jedi graças a Obi-Wan, Luke se associa ao mercenário relutante Han Solo (Harrison Ford) e ao wookie Chewbacca, juntando-se à força rebelde em sua luta para destruir a Estrela da Morte.
Há um pequeno problema ao se assistir à série em ordem cronológica, e com certeza todos os antigos fãs que fizerem uma maratona Star Wars desta forma irão perceber o Episódio IV de uma forma bem diferente de antes. A escala de tudo é menor, mais contida, e o modo de se fazer cinema em 1977 simplesmente não é páreo para o absurdo bombardeio cinemático demonstrado no Episódio III, por exemplo, por mais vanguardista e ousada que a ficção científica de George Lucas provou ser na época. Por um lado isso até ajuda no contexto geral, dado o clima dominante de 'recomeço' da história dos cavaleiros jedi imbuído no personagem de Luke Skywalker. Jedis mortos ou irremediavelmente desaparecidos, praticamente todos os sistemas galácticos esmagados pela mão de ferro do Imperador e seu pupilo Darth Vader, e esparsos focos rebeldes espalhados pelo espaço fazem com que os personagens principais da primeira meia hora de filme sejam os andróides C3PO e R2-D2. Atenção também para a rápida menção de que o Imperador (que nem chega a dar as caras neste episódio) acaba de dissolver completamente o Senado Galáctico, que aqui não passa mesmo de mera lembrança das aventuras anteriores.
Com efeitos especiais excelentes para a época e um estrondoso desempenho nas bilheterias, o filme viria a se tornar um dos maiores fenômenos culturais do final do século XX. Apesar do hoje infelizmente datado duelo de sabre-de-luz entre Obi-Wan Kenobi e Darth Vader (comparar o show visto em A Vingança dos Sith com a brincadeira de espadinhas entre Alec Guinness e David Prowse soa até como piada de mau gosto) e da ausência em cena do mais poderoso dos jedi (mestre Yoda), é possível apreciar o renascimento das forças do bem e o aparecimento de personagens interessantes, sendo o melhor deles o cínico Han Solo, feito com maestria por Harrison Ford. A composição dos personagens é o que acaba ajudando a relevar uma ou outra derrapada do roteiro, como o exagero em fazer Darth Vader falar sobre o poder da 'Força' e a quebra de ritmo em determinados pontos do filme. Além disso, a música do compositor John Williams é um espetáculo que, com certeza, marca um dos melhores trabalhos dele em toda a sua carreira. Afinal, Star Wars sem sua trilha clássica não teria sido metade do sucesso que foi.
Para quem nunca assistiu a um exemplar da série Star Wars, iniciar a jornada por Uma Nova Esperança deve manter a surpresa intacta e segurar a expectativa para os demais filmes em níveis mais baixos. Independente disso, a diversão é garantida para qualquer platéia. Como um dos filmes que praticamente redefiniu o cinema de entretenimento, não é à toa que Guerra nas Estrelas foi alçado à condição de um dos maiores clássicos da ficção científica de todos os tempos.
O material de divulgação do Episódio IV pode ser encontrado no DVD bônus que acompanha a caixa da trilogia original. Há praticamente todos os trailers, teasers e spots de TV existentes, além de detalhes incríveis de produção apresentados numa verdadeira viagem no tempo, proporcionada pelo making-of da trilogia. É possível conferir também pôsteres da época, uma galeria de fotos bem bacana, e três featurettes de cerca de 15 min. com depoimentos de cineastas influenciados pelo filme, como Peter Jackson, Ridley Scott e James Cameron.