Cinema

Contatos Imediatos do Terceiro Grau

Contatos Imediatos do Terceiro Grau
Título original: Close Encounters of the Third Kind
Ano: 1977
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 137 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Steven Spielberg (1941 - Uma Guerra Muito Louca, Os Caçadores da Arca Perdida)
Trilha Sonora: John Williams (A Fúria, Tubarão 2, Superman - O Filme)
Elenco: Richard Dreyfuss, François Truffaut, Teri Garr, Melinda Dillon, Bob Balaban, Cary Guffey, J. Patrick McNamara, Warren J. Kemmerling, Roberts Blossom, Philip Dodds, Shawn Bishop, Adrienne Campbell, Justin Dreyfuss, Lance Henriksen, Merrill Connally, Carl Weathers
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 9

Para a ficção científica que lida com invasões e visitas de seres alienígenas ao planeta Terra, é mais do que óbvio que um dos maiores nomes relacionados dentro da arte conhecida como cinema é o de Steven Spielberg. Fascinado pelo tema e generoso em compartilhar sua visão com o resto do mundo, Spielberg é responsável por um punhado de filmes de ficção científica que se inserem com freqüência em qualquer lista dos melhores e mais bem-sucedidos de todos os tempos. Um deles é exatamente Contatos Imediatos do Terceiro Grau, que marcou época com sua representação lírica do que seriam os seres de outro planeta, e praticamente (re)definiu o modo como os alienígenas seriam mostrados nos meios de entretenimento em massa pelas próximas décadas.

O personagem central é Roy Neary (Richard Dreyfuss), um eletricista e pai de família que se torna testemunha de um fenômeno espetacular: a visita de iluminadas naves especiais através da região densamente povoada da Califórnia. O fenômeno coincide com a descoberta de vários aviões desaparecidos desde a Segunda Guerra Mundial em pleno deserto africano, como se nenhum dia tivesse se passado desde então. Roy lentamente se torna obcecado pela imagem de uma montanha, desestruturando sua família e se lançando numa busca insana pela verdade por trás daquilo que lhe atormenta a alma. A ele se junta uma mãe atormentada com a abdução do filho pelos aliens (Melinda Dillon), e seus caminhos logo se cruzam com o do chefe da operação internacional responsável por decifrar as mensagens deixadas pelos extra-terrestres (o diretor francês François Truffaut), que ironicamente parece ser o único que compreende o que move Roy, a mãe e mais um punhado de pessoas atraídas ao local visualizado em suas mentes.

Impecavelmente realizado e tratado com uma seriedade que se eleva acima da relativa ingenuidade com que certas nuances do roteiro são tratadas, o filme lança uma luz de contexto interessante sobre um dos maiores mistérios da era moderna: estamos ou não sozinhos no universo? Ao centralizar a trama numa pessoa comum confrontada por uma situação extraordinária, Spielberg segue a cartilha básica de como envolver a platéia em sua história, que possui um desenvolvimento lento e por vezes contemplativo e correria sério risco de enveredar pelo enfadonho caso o roteiro não tratasse seus personagens humanos com o devido respeito. Nenhum deles, por exemplo, é engolido pelos efeitos especiais, que por sua vez não perderam nada da elegância e ainda hoje assombram pela qualidade com que foram feitos. Cortesia do mesmo homem e da mesma equipe por trás do filme que começou tudo, o clássico insuperável 2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968).

A presença do renomado cineasta François Truffaut no elenco do filme é um indicativo do precoce e impressionante gabarito que Steven Spielberg já possuía na época do lançamento deste trabalho. Pelo que tudo indica, além de desempenhar um papel crucial no estabelecimento da seriedade do longa-metragem e contribuir sobremaneira para a elaboração de um personagem de inesperada simpatia, Truffaut foi também exemplar na relação ator-diretor, apesar de não falar quase nada de inglês. Incrível como, em sua participação histórica, ele quase chega a roubar a cena de Richard Dreyfuss, que tem aqui um dos melhores papéis de sua carreira.

Uma das coisas interessantes a se observar sobre Contatos Imediatos é que o filme se trata de um irmão mais sério e adulto de E.T. - O Extra-terrestre, também dirigido por Spielberg e lançado cinco anos depois. O primeiro retrata a odisséia do homem comum, um adulto com o qual muitas pessoas podem se identificar, em uma busca de fé por uma verdade utópica de cunho surreal. O segundo é praticamente a mesma coisa, só que vivida através dos olhos de uma criança e sob esse ponto de vista dramatizada. Contatos Imediatos é cinema de melhor qualidade e se mostra superior ao ser lírico sem pender para o melodrama, mas fica definitivamente alguns pontos abaixo em matéria de emoção em relação à sua contraparte infantil. Sob qualquer ponto de vista, porém, ambos os filmes são complementares, e recomendo que os dois sejam vistos sem muito intervalo entre um e outro.

O segundo disco do DVD duplo vem com um documentário atual de mais de uma hora e meia sobre o filme, além de um especial de divulgação de 5 minutos da época de seu lançamento, 11 cenas excluídas do corte final e o trailer de cinema.

Revisto em DVD em 24-DEZ-2006, Domingo - Texto postado por Kollision em 28-DEZ-2006