Depois que a série Star Trek foi cancelada, na década de 70, muitos fãs inveterados ficaram a ver navios. Um grande sonho de todos eles, ver seus ídolos na tela grande, não chegou a ser realizado enquanto a série durou. Até que o renomado diretor Robert Wise assumiu o comando daquele que foi um dos filmes mais aguardados em muito tempo, impulsionado pelo boom da ficção científica iniciado alguns anos antes pelo estrondoso sucesso de Guerra nas Estrelas. E há quem, ainda hoje, confunda as duas séries ao conversar sobre cinema. Algo que, podem ter certeza, enfurece tanto os fãs de uma quanto da outra.
No século 23, o planeta Terra está plenamente desenvolvido, e não há conflitos como guerras ou fome. Carros voadores passeiam pelos ares das cidades, e a raça humana dominou completamente o espaço sideral. Quando uma estranha nuvem espacial destrói várias naves da raça Klingon e avança rumo ao planeta Terra, o capitão James T. Kirk (William Shatner) decide retomar o comando da U.S.S. Enterprise e comandar a expedição que irá investigar a anomalia. No entanto, ele passa por cima do comando do capitão Decker (Stephen Collins), que estava no cargo há alguns anos desde que Kirk se afastara. É então que os demais membros da tripulação (incluindo o vulcano Spock, papel da carreira de Leonard Nimoy) tornam-se testemunhas de vários conflitos de liderança, que podem pôr a missão em risco antes mesmo dela começar.
Mesmo para quem nunca acompanhou a série, não é difícil assistir a essa viagem, que é a ficção científica numa de suas formas mais puras, feita para agradar os fãs e relançar uma série moribunda num meio então receptivo aos festivais de efeitos especiais típicos de Guerra nas Estrelas. Os personagens são facilmente identificáveis, e o inimigo neste primeiro episódio não é nenhuma raça alienígena maligna que deseja dominar a Terra, e sim uma espécie de super computador aniquilador. Aí está um ponto que decepcionou muitos fãs da série: as batalhas intergalácticas foram substituídas por uma trama atípica aos episódios da TV, e ainda por cima dotada de tons filosóficos (que se insinuam na metade do filme e acompanham a história até o seu desfecho).
Independente desse papo de trekker, o filme é interessante, ainda que um pouco lento. Cumpre o papel de reintroduzir os personagens e a nave (grandiosamente mostrada por fora na longa seqüência de embarque do capitão Kirk) no meio cinematográfico, acompanhado pelos efeitos especiais mais diretamente influenciados pelo clássico 2001 - Uma Odisséia no Espaço. O sucesso desse filme e de suas continuações viria a iniciar as novas versões da série televisiva na década de 80, todas com relativo sucesso.
O DVD duplo da Paramount contém a "versão de diretor" do filme, capitaneada pelo próprio Robert Wise e carregada de melhorias e retoques nos efeitos visuais, que não fazem muita diferença para quem não é fã da série. Como extras, há três documentários falando sobre a produção e sobre a restauração do filme, com muitas entrevistas dos realizadores. Há ainda trailers da época e da nova versão, spots de TV e cenas retocadas e excluídas, adicionadas quando o filme recebeu uma versão para a televisão.
Texto postado por Kollision em 4/Agosto/2004