Cinema

O Senhor dos Aneis - O Retorno do Rei

O Senhor dos Aneis - O Retorno do Rei
Título original: The Lord of the Rings - The Return of the King
Ano: 2003
País: Alemanha, Estados Unidos, Nova Zelândia
Duração: 201 min.
Gênero: Ação/Fantasia
Diretor: Peter Jackson (King Kong [2005], Um Olhar do Paraíso, O Hobbit - Uma Jornada Inesperada)
Trilha Sonora: Howard Shore (O Aviador, Marcas da Violência, Os Infiltrados)
Elenco: Elijah Wood, Viggo Mortensen, Ian McKellen, John Rhys-Davies, Orlando Bloom, Sean Astin, Billy Boyd, Dominic Monaghan, Hugo Weaving, Liv Tyler, Miranda Otto, Andy Serkis, Bernard Hill, David Wenham, Karl Urban, John Noble, Cate Blanchett
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 9/10

Revisto em DVD em 26-FEV-2012, Domingo

AVISO: pequenos spoilers no texto colorido a seguir.

O fechamento da trilogia é grandioso, com conflitos e resoluções que tomam mais de três horas. Todos os integrantes da sociedade do anel têm algo a fazer, até os hobbits inúteis Merry e Pippin. A ausência mais sentida é o Saruman de Christopher Lee, limado da história para que o filme não chegasse às quatro horas de duração. Assim, os vilões da vez são os orcs cada vez mais feios, o asqueroso Sméagol e a super-aranha que quer embalsamar Frodo. Parece pouco? Na época eu não me atentei a isso, mas é óbvio que Aragorn rouba para vencer a batalha de Minas Tirith. Como é que os orcs poderiam ter alguma chance contra criaturas do além que não morrem e não sentem dor? Bem espertinho e sacana esse Tolkien, não é mesmo?

Em meio a todo o despespero desse povo querendo pegar o anel do Frodo, a impressão que fica após todos esses anos é que a história de O Senhor dos Aneis, apesar de ser um primor de fantasia, se arrasta e se alonga demais. O lado bom é que há pérolas de comédia aqui e ali, geralmente a cargo do elfo Legolas ("the eye of the enemy is moving") e das reações de Ian McKellen diante das situações provocadas pelos pés-peludos. O final é de fato emocionante, principalmente porque Frodo consegue finalmente queimar seu anel.

Texto postado por Kollision em 10/Junho/2004:

Um triunfo narrativo e um espetáculo cinematográfico. O Retorno do Rei é de fato a cereja no topo do bolo da série O Senhor dos Aneis, iniciada em 2001 com A Sociedade do Anel (2001) e intermediada por As Duas Torres (2002).

Tanto crítica quanto público atestam a qualidade da empreitada sobre-humana do diretor Peter Jackson e de sua equipe, que adaptaram de forma esplêndida a obra que muitos tinham como impossível de ser levada às telas. Particularmente, eu não li o livro e, como total desconhecedor da obra de J. R. R. Tolkien, não posso corroborar esta afirmação. Já li e reli em muitas publicações que partes da história foram deslocadas dentro do roteiro do filme, ou mesmo excluídas. Mas posso garantir, com todas as letras, que O Retorno do Rei é a melhor das três partes. Não foi à toa que o filme igualou a quantidade recorde de Oscars recebida por Titanic, 11 no total, muito embora muitos digam que os prêmios foram de certa forma uma compensação pelo conjunto da obra, e pelos dois outros filmes terem sido algo ignorados nas premiações anteriores.

Como antes, a história começa onde termina As Duas Torres. A equipe liderada por Gandalf e Aragorn reencontra os hobbits Merry e Pippin no que restou de Isengard, agora que Saruman foi derrotado e aprisionado. Todos rumam para Rohan, e logo descobrem que o próximo alvo de Sauron é o castelo de Minas Tirith, no reino de Gondor. Frodo e Sam continuam sua jornada rumo a Mordor, acompanhados por Gollum, cada vez mais traiçoeiro e provocando uma desavença venenosa entre os dois amigos do Condado. Estas linhas da história prosseguem, como nos filmes anteriores, de forma paralela e alternada. Os reinos humanos se unem para enfrentar a investida do exército de Sauron contra Gondor enquanto Frodo prossegue aos trancos e barrancos sua jornada. Um brinde que é dado ao espectador logo no começo é um vislumbre do passado de Sméagol, o hobbit que viria a se tornar Gollum, e o tenebroso momento em que ele se apodera do anel de Sauron.

O Retorno do Rei se sobressai em relação aos dois primeiros filmes por mesclar de forma mais uniforme os momentos de calmaria com as cenas de batalha, que foram os fortes do primeiro e do segundo filmes, respectivamente. A batalha de Minas Tirith consegue ser ainda mais arrebatadora que a batalha no abismo de Helm (As Duas Torres), e pode-se ter certeza que o filme arrancará lágrimas de muita gente em certas seqüências. Os efeitos especiais continuam espetaculares, como atesta a criatura digital mais bem-feita até o momento, Gollum. Todo o elenco está de volta, e até mesmo Ian Holm (Bilbo Baggins) e Sean Bean (Boromir) aparecem de relance. A única ausência é a de Christopher Lee, o maligno mago Saruman. Dizem que ele foi excluído do filme por economia narrativa, mas é difícil entender a ausência total de um dos mais importantes personagens da história. Ironicamente, nenhum dos 11 Oscars abocanhados pelo filme foi de interpretação. A indicação de Sean Astin como o fiel escudeiro Samwise Gamgee para ator coadjuvante era tida como certa por alguns, e a sua ausência na noite do Oscar foi considerada por muitos como uma certa injustiça por parte da academia.

Mas, afinal, o Anel do poder é destruído ou não? A única coisa da qual pode-se estar certo é de que não será necessário esperar mais um ano pela continuação, já que aqui é The End e pronto. O famoso "to be continued", que deixou muita gente desavisada furiosa ao final de A Sociedade do Anel, não aparece, e dá lugar a um desfecho emocional como há muito tempo não se via. Os créditos começam a aparecer na tela, e é muito provável que o espectador sinta que participou ali de uma experiência de cinema única e arrebatadora.

O DVD duplo segue o molde dos DVDs dos filmes anteriores. No primeiro, o filme, no segundo, extras que fazem a festa dos cinéfilos mais fanáticos. Os dois especiais de fechamento da trilogia são ótimos, mas um pouco repetitivos se assistidos um após o outro. Interessante é conferir a reportagem da National Geographic, de 50 min. de duração, que traça um paralelo entre vários personagens da trilogia e figuras históricas proeminentes. Um único probleminha que observei neste extra foi que as legendas em português desaparecem nos 10 minutos finais. Há também alguns destaques do site lordoftherings.net, também interessantes, assim como os essenciais trailers e spots de TV.