Último exemplar da série de horror clássica dos estúdios Universal, estrelada pelos primeiros monstros a aportar na sétima arte em grande escala: Drácula, Frankenstein e o Lobisomem. A curiosidade maior associada ao filme é um destino peculiar dado a um dos três personagens citados, e o conteúdo de seu material de divulgação (pôsteres/trailer), que anuncia nada menos que 5 monstros abrilhantando a película. O quarto monstro seria um médico enlouquecido, e o quinto seria sua bela assistente corcunda, que passa bem longe de oferecer perigo real a qualquer personagem e muito menos poderia ser qualificada como um "monstro". Tadinha, serviu como gota d'água para o canto de cisne dos filmes clássicos de monstro.
Conhecido por suas pesquisas, o bom doutor Edelman (Onslow Stevens) é visitado por um tal barão Latos (John Carradine), que se revela na verdade o conde Drácula, se instala em seu porão e lhe implora por uma cura para o seu problema de vampirismo. Ao mesmo tempo, logo chega à mansão um nervoso Larry Talbot (Lon Chaney Jr.), que não é outro senão o famigerado monstro conhecido por Lobisomem e também está desesperado por uma cura. O desespero de Talbot faz com que Edelman descubra em sua propriedade o corpo inerte do monstro de Frankenstein (Glenn Strange), que é imediatamente levado para seu laboratório. No processo de ajudar os dois peculiares pacientes, o médico é auxiliado por duas assistentes (Martha O'Driscoll e Jane Adams), sendo a primeira delas objeto de cobiça de Drácula e a última uma corcunda a quem o doutor promete uma cura, tão logo ele tenha sucesso em curar Larry Talbot.
Curtinho como mandava a cartilha da época e direto ao ponto, A Casa de Drácula é a segunda e derradeira reunião dos monstros sagrados na Universal, vindo logo após A Casa de Frankenstein (1944), também dirigido por Erle C. Kenton. Depois deste filme, eles só voltariam a dar as caras nas comédias capitaneadas por Abott e Costello, em tom de paródia e servindo de tristes alavancas cômicas contra si mesmos. É compreensível, já que A Casa de Drácula sinaliza o completo esgotamento da fórmula baseada no horror gótico introduzido pelos clássicos de 1931 Drácula e Frankenstein, e os astros originais desta época de ouro, Bela Lugosi e Boris Karloff, já não eram capazes de renovar o interesse numa série de filmes repetitivos e criativamente definhantes.
No entanto, dentro de sua trama limitada, há qualidade no filme que coloca Drácula e o Lobisomem sob o teto do médico que tenta curá-los. A despeito do desgaste do tema, a narrativa é fluida e evita encheção de lingüiça. John Carradine é um Drácula mais ameaçador e traiçoeiro que Lon Chaney Jr. em O Filho de Drácula. Chaney, por sua vez, retorna ao papel que o consagrou sem oferecer praticamente nada mais além daquilo que já havia mostrado em suas incursões anteriores na pele do Lobisomem. O grande destaque do elenco, no entanto, é o médico feito por Onslow Stevens, que em determinado momento é contaminado com o vírus vampírico e tem a oportunidade de mostrar uma dupla interpretação à lá "o médico e o monstro". E, para quem nunca viu uma mulher corcunda, lá está Jane Adams com seu rostinho bonito e um característico semblante de animalzinho sem dono, capaz de inspirar ao mesmo tempo admiração e pena.
O filme vem num DVD em edição conjunta com O Filho de Drácula (Robert Siodmak, 1943), que traz como único extra associado o trailer de cinema.
Visto em DVD em 25-NOV-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 28-NOV-2006