Numa localidade conhecida simplesmente por Dark Oaks, a chegada do misterioso conde húngaro Alucard (Lon Chaney Jr.) coincide com terríveis acontecimentos na rica família Caldwell. Convidado por Kay (Louise Allbritton), uma das irmãs Caldwell, para conhecer a América e apresentar suas obras, o conde aporta no lugar no mesmo dia em que o pai da moça morre em circunstâncias macabras. Frank (Robert Paige), o noivo de Kay, percebe que ela está cada vez mais fascinada pelo conde. Claire (Evelyn Ankers), a outra irmã Caldwell, também acredita que algo está errado. Dois professores preocupados (Frank Craven e J. Edward Bromberg) são os únicos que parecem compreender a verdadeira natureza do estrangeiro, na realidade um vampiro da mesma linhagem dos terríveis Drácula.
Esta é a terceira entrada na primeira série clássica do cinema baseada nos personagens criados por Bram Stoker. Ironicamente, nenhum dos personagens clássicos aparece neste filme, que se vale de uma trama completamente nova para retratar mais uma tentativa feita por um vampiro de deixar sua terra natal em busca de sangue novo, o que era, basicamente, a idéia por trás do romance original de Stoker. Alucard é um anagrama de Drácula, e essa é basicamente a única associação, aparte o aspecto e o comportamento vampírico, que o filme estabelece entre o tal conde Alucard e o conde imortalizado por Bela Lugosi no filme de 1931. Nem mesmo as suposições dos dois investigadores do bem deixam muito claro se Alucard é mesmo filho do conde original. Obviamente, nada disso importa.
A Universal entregou a direção do filme a Robert Siodmak, que tenta imprimir um ritmo dinâmico ao roteiro, a despeito da verborragia que ameaça em vários momentos corromper a narrativa. A bela fotografia em preto-e-branco, que na década de 40 já estava perfeitamente dominada, é o que mais diferencia O Filho de Drácula dos trabalhos anteriores da série. A aspereza da antiga cinematografia cede espaço para tomadas limpas e adornadas por uma trilha sonora com clima razoável. Estranhamente, isso representa uma perda ao invés de um ganho... Talvez, se houvesse uma ousadia maior no modo de se representar o vampirismo, a evolução fosse plenamente satisfatória. Num nível quase subconsciente, um degrau abaixo da óbvia repetição da fórmula, acredito que esta foi uma das razões do fim do sucesso da primeira era clássica do horror liderada pelos estúdios Universal. Como todos sabem, a segunda onda só viria anos mais tarde, como o sucesso das produções de baixo orçamento da Hammer.
Para O Filho de Drácula, Lon Chaney Jr. faz um trabalho decente como o vampiro da vez. Em determinados momentos ele volta a contracenar com Evelyn Ankers, sua co-estrela no clássico O Lobisomem (George Waggner, 1941). O grande chamariz feminino, no entanto, é de fato Louise Allbritton, que se parece muito com Ankers e protagoniza uma interessante variante da amante de Drácula, como a história revela à medida em que se desenvolve. Seja como for, Ankers e Allbritton, como irmãs, foram uma escolha fenomenal do departamento de casting.
O filme vem num DVD em edição conjunta com A Casa de Drácula (Erle C. Kenton, 1945), que traz como único extra associado o trailer de cinema.
Visto em DVD em 17-NOV-2006, Sexta-feira - Texto postado por Kollision em 22-NOV-2006