Dando seqüência a O Filho de Frankenstein, de 1939, O Fantasma de Frankenstein retoma a saga da família de cientistas amaldiçoados com a criação de um monstro feito a partir de membros humanos e cérebro de um criminoso. "Cérebro" é a palavra-chave da vez, e "fantasma" meramente remete à aparição do espírito do dr. Frankenstein original (interpretado por Colin Clive nos dois primeiros filmes da série) para seu filho mais velho, também um médico que não resiste à tentação de dar continuidade ao trabalho do pai, assim como o irmão mais novo no filme anterior.
Revoltados com os recentes eventos na propriedade dos Frankensteins, os moradores da aldeia tomam a decisão de demolir o castelo e o velho laboratório, forçando o recluso Ygor (Bela Lugosi) – não, ele não morreu – a picar a mula. O desmoronamento, contudo, faz com que ele volte a se reencontrar com o monstro (Lon Chaney Jr.) sob as cavernas destruídas do laboratório. Juntos eles perambulam até a cidade de Vasaria, lar do mais velho dos irmãos Frankenstein, o doutor Ludwig (Cedric Hardwicke). De algum modo, Ygor o convence a ajudar o monstro, e Ludwig elabora um plano de transplantar o cérebro de um colega morto para o crânio da criatura e, assim, curá-lo de seus instintos homicidas. Só que a ganância de seu assistente ambicioso (Lionel Atwill), outrora seu professor, coloca tudo a perder quando chega a hora da operação.
É visível a queda de padrão da série neste quarto episódio. Com uma história basicamente idêntica à anterior, o filme inicia a fase de exploração e repetição da mesma fórmula, logo estendida à franquia adjacente do companheiro Drácula e, anos mais tarde, responsável pelo fim da primeira era de ouro do horror no cinema. Erle C. Kenton, também o responsável por dois futuros filmes de grandes encontros de monstros (A Casa de Frankenstein e A Casa de Drácula), pode muito bem ser taxado como o catalisador do fim, muito embora era praticamente natural que algo assim acontecesse.
Já sem contar com o rigor estético do longa anterior, O Fantasma de Frankenstein sustenta-se basicamente com o bom elenco reunido, onde a falta mais sentida é mesmo a de Boris Karloff como o monstro. A favor do filme, no entanto, está a presença mais uma vez magnética de Bela Lugosi no papel de Ygor, o melhor amigo e voz ativa da criatura. Lon Chaney Jr. simplesmente desaparece sob a maquiagem, dando continuidade ao legado de Boris Karloff sem desvirtuar o personagem. Uma constante que aqui começa a se repetir em praticamente todos os outros filmes de monstro após este é o rodízio do elenco nos papéis principais das histórias (o que já era praxe com os extras - aqui estão, novamente, Dwight Frye, Michael Mark e Lionel Belmore, por exemplo). Lionel Atwill, antes um inspetor de polícia, agora é um médico, faz o papel de prefeito em Frankenstein Encontra o Lobisomem e volta a ser um policial em A Casa de Drácula. Bela Lugosi torna-se o monstro de Frankenstein em Frankenstein Encontra o Lobisomem, enquanto Lon Chaney Jr. volta ao papel do Lobisomem neste filme e veste o manto de Drácula em O Filho de Drácula. E Boris Karloff é um cientista louco que assiste outro ator interpretar o monstro que o consagrou em A Casa de Frankenstein.
O filme vem num DVD em edição conjunta com O Filho de Frankenstein (Rowland V. Lee, 1939), tendo como extra apenas o trailer de cinema.
Visto em DVD em 2-DEZ-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 6-DEZ-2006