Este é o terceiro filme da linhagem clássica de Frankenstein, que ainda conta com a lendária e final performance de Boris Karloff no papel do monstro. O diretor Rowland V. Lee, nome relativamente pouco conhecido, faz um trabalho admirável ao manter a qualidade dos dois filmes anteriormente dirigidos por James Whale, conduzindo os desdobramentos da terrível história da família Frankenstein com um olhar que acerta tanto no tom da narrativa quanto na produção em si, que atesta um primor expressionista ainda mais saliente que nos trabalhos anteriores, o seminal Frankenstein (1931) e o excepcional A Noiva de Frankenstein (1935).
A saga continua alguns anos depois dos últimos eventos mostrados. Wolf Frankenstein (Basil Rathbone), o filho do doutor louco responsável por criar o monstro, retorna à pequena vila onde o pai cometeu sua maior obra para reclamar suas posses em herança. Acompanhado da esposa (Josephine Hutchinson) e do filho pequeno, Wolf se instala no castelo próximo ao laboratório onde o monstro desaparecera. Ao descobrir uma valise com todas as pesquisas do pai e reencontrar o monstro doente e sob os cuidados do ermitão de pescoço quebrado Ygor (Bela Lugosi), Wolf decide tomar para si a tarefa de revitalizar a criatura. Quem acompanha tudo de perto, no entanto, é o inspetor de polícia Krogh (Lionel Atwill), que fica cada vez mais preocupado com a ocorrência de mais mortes misteriosas e com a revolta da população local contra a família Frankenstein.
Primeiro, há que se mencionar o primor que é o elenco principal deste longa-metragem – Karloff, Lugosi, Basil Rathbone e Lionel Atwill – provavelmente o grupo mais eficiente de atores de todos os filmes clássicos de horror da Universal. Todos abrilhantam com a classe que lhes é peculiar uma história que não decepciona em nada quem espera uma evolução decente da idéia original. Bela Lugosi, em especial, é provavelmente o mais bem caracterizado de todos eles, o que é uma ironia quando se considera que seu personagem nem fazia parte do roteiro original do filme (uma coisa difícil de se imaginar, já que Ygor desempenha um papel crucial para o estabelecimento correto da nova índole do monstro e para a revolta dos aldeões contra os Frankenstein). O inspetor feito por Lionel Atwill foge completamente do estereótipo ao ser apresentado como um homem íntegro e imparcial em sua investigação, o que só atesta a profundidade e o cuidado de um roteiro extremamente bem concebido.
Mesmo não tendo o impacto do Frankenstein original, os cenários maravilhosamente influenciados pela estética expressionista garantem um interesse renovado pelo aspecto geral do filme, que esbanja um charme de cunho onírico através da fotografia em preto-e-branco. Detalhes interessantes na concepção da história, como o fato da cidadezinha passar a ser chamada de Frankenstein e seus cidadãos de "frankensteinianos", ou a idéia de que o monstro desaprendeu a falar devido à sua reclusão e à sua estranha simbiose com Ygor, ou ainda o passado truculento que explica o braço prostético do inspetor de polícia, fortalecem as conexões narrativas com as histórias anteriores e ajudam a provar que, de todas as séries clássicas de monstros, a de Frankenstein sempre foi de fato a melhor e mais consistente.
O filme vem num DVD em edição conjunta com O Fantasma de Frankenstein (Erle C. Kenton, 1942), infelizmente sem qualquer extra acompanhando-o.
Visto em DVD em 30-NOV-2006, Quinta-feira - Texto postado por Kollision em 5-DEZ-2006