Revisto em DVD em 20-JAN-2008, Domingo
Patacoadas do roteiro à parte, este filme é um daqueles que parece melhorar um pouco quando visto numa tela de televisão. Nessa revisão, pelo menos, a premissa me soou mais plausível. Para uma execução que definitivamente não agrada aos fãs mais hardcore dos monstros, principalmente pela falta de uma violência mais crua, o longa consegue demonstrar efeitos especiais decentes e coloca os humanos em seus devidos lugares. Alguns acham isso ruim, eu nem tanto. Nesse tipo de filme, os humanos – quase sempre criaturas estúpidas e mesquinhas – servem mesmo somente para serem desmembrados. Das formas mais grotescas e gráficas possíveis.
Na edição simples do DVD da Fox é possível assistir à versão levemente estendida do filme, que inclui uma breve cena introdutória antes dos créditos iniciais. O material adicional consiste de duas faixas de comentários em áudio: a primeira delas é feita por Paul Anderson, Sanaa Lathan e Lance Henriksen, e a segunda pelos responsáveis sobre os efeitos especiais (Alec Gillis, Tom Woodruff Jr. e John Bruno).
Texto postado por Kollision em 9-SET-2004
Há mais de uma década atrás, um ser extra-terrestre atormentou Arnold Schwarzenegger nas selvas da América do Sul, num filme de baixo orçamento que surpreendeu a todos por sua combinação eficiente de suspense, ação e ficção científica. Este filme era O Predador (1987, John McTiernan). E, há mais de duas décadas, Sigourney Weaver se projetou de um papel de coadjuvante para combater um alienígena de sangue ácido cujo único propósito era matar e se multiplicar, da forma mais horrível possível, no hoje clássico Alien, o Oitavo Passageiro (1979, Ridley Scott).
Após algum período de prestígio, sucesso e continuações, as duas séries deram uma pausa. Predador 2 não foi muito bem de crítica, apesar de ser razoável, e Alien - A Ressurreição ainda hoje espera por uma continuação que é também desejo da estrela Sigourney Weaver realizar. No entanto, uma idéia que floresceu há muito tempo, tendo já gerado frutos no universo das HQs e muitas especulações junto aos fãs, acabou tomando forma sob a responsabilidade do diretor pipoca Paul W. S. Anderson, conhecido por adaptações de games (Mortal Kombat, Resident Evil). Afinal, depois de Freddy vs. Jason, este era "o projeto" de duelo titânico entre vilões a ser lançado!
O que torna possível a reunião entre os monstros mais em voga na ficção científica nas últimas décadas é a ambientação da trama nos dias atuais (após os eventos de Predador e Predador 2 e antes de todos os Alien). Há até o aparecimento de um personagem do universo de Alien, aqui em forma humana. Afinal, o empresário Charles Bishop Weyland (Lance Henriksen), gênio da robótica, é com certeza o molde para o andróide homônimo presente na série Alien. Quando os satélites de Weyland descobrem uma estrutura antiga sob o gelo da Antártida, ele logo reúne uma equipe multicultural de experts para investigar o achado. Relutantemente chefiada por Lex (Sanaa Lathan), a equipe logo se vê em meio a uma guerra entre as raças dos predadores e dos aliens, sendo dizimada um por um. O que ocorre de fato é uma espécie de ritual de passagem da raça de predadores, que mantém uma rainha alien cativa para a procriação de filhotes babentos que servem de caça aos feiosos rastafári.
A intenção é boa. O resultado, nem tanto. A idéia de humanos desconhecidos (com exceção de Henriksen e Lathan) e perdidos em meio à guerra alienígena soa legal, mas os motivos incluídos no roteiro para os eventos mostrados são ridículos, para dizer o mínimo. O ápice da palhaçada é quando o arqueólogo italiano, em momento de revelação divina, deduz toda a história de combate entre as duas raças até os dias de hoje... Até mesmo nas cenas de ação o filme decepciona um pouco. Sofrendo do mesmo mal que acometeu vários filmes pós-Matrix (como Demolidor, por exemplo), as lutas são extremamente mal-editadas e difíceis de ver. Na ânsia de obter dinamismo e ângulos inusitados, o diretor enfia os pés pelas mãos e não chega a lugar algum. Sem contar o fato de que, em nenhum momento em sua própria série, o predador era dotado de exagerada força sobre-humana. Pelo menos os efeitos especiais não decepcionam na mesma proporção.
No final, é perceptível como a trilha sonora de Harald Kloser tenta emular um pouco o trabalho de Alan Silvestri em O Predador. Mas aí já é tarde demais. A platéia, em sua maioria frustrada, fica com a esperança de que o próximo Alien ou o próximo Predador possam agradar, ao invés de apenas prometer e muito pouco entregar.