Revisto em Blu-ray em 6-JAN-2012, Sexta-feira
A mais triste constatação sobre 2012 é que o filme perderá a validade no ano de 2013. Acho que teria sido interessante se Emmerich tivesse desvinculado completamente seu roteiro dos mitos relacionados ao fim do mundo, simplesmente intitulando seu trabalho como O Dia Depois de Amanhã 2. Tenho certeza absoluta que os detratores não seriam tão árduos com sua obra, um colosso de filme-catástrofe com tudo o que o cinema de entretenimento tem de mais contundente: impossibilidades, pieguices, exageros e a indefectível superação do ser humano diante de adversidades humanamente intransponíveis. Não retiro nadinha do que escrevi na primeira vez em que assisti ao filme no cinema. Sim, 2012 é excessivamente ingênuo em sua visão de como as grandes nações se uniriam diante da de uma catástrofe iminente. A elipse e os subterfúgios baratos que unem os arcos dos personagens de Chiwetel Ejiofor e John Cusack são quase vergonhosos em seu excesso de poesia. Se há uma coisa que eu gostaria que tivesse acontecido na história é que mais gente tivesse morrido, e só. Enaltecer o conceito de humanidade entre os homens poderia ter sido feito de muitas outras formas, mas não tenho do que reclamar em matéria de diversão sem compromisso. Nesse ponto, 2012 é fantástico.
A edição em blu-ray vem com uma faixa de comentários em áudio conjunta de Roland Emmerich e Harald Kloser, um recurso extra de comentários chamado picture in picture onde várias pessoas envolvidas falam sobre o filme, pouco mais de uma hora de material de making-of que discorre sobre vários aspectos da produção, um calendário maia interativo, cinco cenas excluídas e um final alternativo. Tudo em formato HD e devidamente legendado em português.
Visto no cinema em 15-DEZ-2009, Terça-feira, sala 1 do Multiplex Pantanal
Pegando carona em lendas e especulações mitológicas, Roland Emmerich as mistura com umas patacoadas científicas absurdas e retorna com a ideia de que o mundo vai acabar em Dezembro do ano de 2012. A catástrofe é alardeada por um geólogo norte-americano (Chiwetel Ejiofor), e os líderes mundiais têm então dois anos para se prepararem. Às vésperas do desastre, a história passa a se concentrar na luta da família do escritor fracassado Jackson (John Cusack) em sua tentativa desesperada de sobreviver à destruição. Isso é tudo o que basta saber para desfrutar o que é provavelmente o mais ambicioso (tecnicamente falando) filme-catástrofe que eu já vi - com direito a todos os absurdos físicos esperados, diálogos que nem sempre soam plausíveis e efeitos especiais de cair o queixo. 2012 agrada em cheio a quem curte escapismo sem amarras de lógica, contando com uma aura épica, muitos momentos de suspense e um ou dois discursos que tentam enaltecer o espírito humano em meio à selvageria que tal tema pode suscitar. Com exceção do cara apático que faz o papel do novo marido de Amanda Peet (Thomas McCarthy), o elenco faz o dever de casa e ajuda a história a se desenvolver com um mínimo de dignidade. É difícil imaginar o que poderia suplantar o escopo visto em 2012, e já que Emmerich declarou que este é seu último filme-catástrofe os descontentes podem ficar tranquilos por um bom tempo enquanto continuam sua busca doentia por profundidade dramática em longas de ficção científica cujo único propósito é entreter sem compromisso.