Cinema

16 Quadras

16 Quadras
Título original: 16 Blocks
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 105 min.
Gênero: Policial
Diretor: Richard Donner (Avião Foguete X-15, Uma Dupla em Ponto de Bala, A Profecia [1976])
Trilha Sonora: Klaus Badelt (Ultravioleta, Poseidon, O Sobrevivente [2006])
Elenco: Bruce Willis, Mos Def, David Morse, Jenna Stern, Casey Sander, Cylk Cozart, David Zayas, Robert Racki, Patrick Garrow, Steve Nuke, Sasha Roiz, Conrad Pla, Hechter Ubarry
Distribuidora do DVD: Imagem Filmes
Avaliação: 8/10

Revisto em DVD em 27-DEZ-2009, Domingo

Mais uma vez recomendo este filme, pois não é todo dia que se encontra pela frente um herói tão tridimensional e falho como Jack Mosley.

Rever 16 Quadras é reafirmar o quanto Richard Donner continua em forma como diretor de longas de puro entretenimento. O cara é imbatível neste quesito, e se todo mundo quiser ver um Os Goonies 2 ou Máquina Mortífera 5 que preste, é bom começar a reforçar a campanha pela sua participação antes que o cara seja impossibilitado de exercer seu trabalho. Outras constatações da revisão: David Morse é o cara – fico imaginando quando é que o público e a crítica em geral vão reconhecê-lo como o ótimo ator que é; o olhar "John McLane" é algo indefectível em se tratando de Bruce Willis – neste filme ele é facilmente reconhecível, correspondendo ao momento em que seu personagem se dá conta de qual é sua missão na história. Vou ficar de olho em outros trabalhos de Willis para identificar algo parecido!

Extras do DVD: entrevistas curtas com elenco e equipe técnica, uma galeria de fotos, trailer e também os trailers de Pergunte ao Pó, Ameaça Submarina, A Hora do Rango, Ela é o Cara, Caos e Xeque-mate (os dois últimos são exibidos quando o DVD é inicializado).

Texto postado por Kollision em 29/Abril/2006 -

Cinema para entreter feito por um cineasta que é mestre em filmes de entretenimento. Não há melhor maneira de definir este filme. Há quem diga que Richard Donner tenha perdido seu conhecido tino para esse tipo do produção neste novo milênio, uma afirmação que vai por água abaixo após uma sessão de 16 Quadras, um ótimo thriller policial que se passa mais ou menos em tempo real. Seu título é uma medida de comprimento que liga o início do filme ao seu final, numa trama com um desfecho que não tem vergonha nenhuma de querer agradar.

Bruce Willis é o policial Jack Mosley, um tira barrigudo em fim de carreira que passa a maior parte do dia alto por causa da bebida. Jogado de lado em seu próprio departamento e ignorado pelos outros policiais por ser um zero à esquerda, Mosley recebe de sopetão mais uma sub-tarefa empurrada goela abaixo por seu chefe: escoltar um preso que fala pelos cotovelos (Mos Def) até o tribunal de Nova York para testemunhar num caso qualquer, percorrendo as 16 quadras que separam o distrito policial da côrte em pouco menos de duas horas. Caso ele não chegue lá nesse tempo, o processo será arquivado. As coisas não são na realidade tão simples assim, o que Jack descobre quando seu prisioneiro sofre uma tentativa de assassinato durante o trajeto até seu destino. Em seu auxílio aparece seu ex-parceiro e amigo por 20 anos Frank Nugent (David Morse), que logo se converte em seu mais perigoso algoz ao revelar que o preso irá testemunhar contra colegas policiais e deve ser detido a qualquer custo.

Com um roteiro escrito "by the book", como se diz de coisas normalmente padronizadas, 16 Quadras consiste na história da jornada em direção à redenção de um homem que acreditava estar definitivamente acabado. Porém, quando digo que o roteiro é escrito de modo formulaico, de modo algum quero implicar que ele é ruim. Muito pelo contrário, há pequenas surpresas que são descortinadas pouco a pouco sobre cada um de seus personagens, de uma forma envolvente e nunca apelativa. Um exemplo claro de passagem que me agradou é o momento em que o policial Jack Mosley, o personagem principal da trama, percebe qual é a sua missão e que papel deve desempenhar diante do dilema que está à sua frente. Sua decisão é crucial para justificar o conflito e colocar todo o filme em movimento definitivo, elevando o personagem a um novo patamar de expectativa diante da platéia. E este momento é algo tão importante, que muitos filmes de entretenimento fracassam ao não conseguirem caracterizá-lo de forma eficiente.

Mesmo com um barrigão de chope de dar medo, Bruce Willis prova que ainda é o cara nesse tipo de filme. Quem surpreende no elenco é o rapper Mos Def, uma metralhadora de falação que trilha uma linha tênue entre o cômico realista e o coadjuvante irritante. A química entre a dupla funciona bem, o roteiro consegue aproximá-los sem forçar a barra e Richard Donner responde pelo ritmo cadenciado da ação. Está certo que há um número um pouco acima da média para tiros disparados associados aos momentos decisivos da história, mas não é nada que macule demais o brilho do longa.

O recado otimista que aparece nas entrelinhas de toda a história apesar dos tiros e da violência pode ser um clichê e tanto, mas aí já é uma questão de mensagem que o filme visivelmente tenta passar. De conteúdo enaltecedor, ela coloca o filme na categoria de obras que evocam de forma fácil alguma espécie de inspiração. Pode ser bobo para alguns, excepcional para outros, mas não há dúvida de que o cinema precisa disso de vez em quando. Não muito comum é o fato de tal mensagem vir embalada dentro de um thriller policial, o que só ratifica meu apreço por mais este trabalho de Richard Donner.