Cinema

A Profecia [1976]

A Profecia [1976]
Título original: The Omen
Ano: 1976
País: Inglaterra
Duração: 111 min.
Gênero: Terror
Diretor: Richard Donner (Superman - O Filme, O Bar Max, O Brinquedo)
Trilha Sonora: Jerry Goldsmith (A Travessia de Cassandra, Coma, A Profecia II)
Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, Harvey Stephens, David Warner, Billie Whitelaw, Patrick Troughton, Martin Benson, Robert Rietty, Tommy Duggan, Leo McKern, John Stride, Anthony Nicholls, Holly Palance
Distribuidora do DVD: Fox
Avaliação: 10

Richard Donner já vinha de uma longa carreira na televisão antes de ganhar a chance de comandar A Profecia, material escrito sob encomenda por David Seltzer que converteu-se no primeiro e extremamente bem-sucedido longa-metragem para o cinema do diretor. O roteiro de Seltzer deu origem a um dos maiores filmes de horror de todos os tempos, um marco comercial que fica lado a lado com O Exorcista (William Friedkin, 1973) como um dos pilares deste gênero nos anos 70. Macabro e estiloso como poucas obras de sua época, o filme traz Gregory Peck retornando às telas depois de alguns anos de afastamento, em papel que fôra sumariamente recusado por Charlton Heston e Roy Scheider.

O rico e poderoso diplomata americano Robert Thorn (Peck) se vê diante de um dilema de proporções consideráveis ao se deparar com o filho recém-nascido morto num hospital de Roma. Preocupado com a dificuldade da esposa Kathy (Lee Remick) em ter filhos e com a reação que ela possa ter ao receber a notícia, ele aceita a sugestão de um padre e toma por filho um outro bebê, nascido praticamente no mesmo momento em que seu filho morrera, cuja mãe também morrera no parto e não tinha nenhum parente vivo. O recém-nascido é batizado de Damien, e logo se torna um belo e encantador rapazote. Na festa de aniversário de cinco anos, o suicídio da babá da família e seu aterrador discurso em homenagem a Damien (Harvey Stephens) prenunciam uma série de coincidências e estranhos acidentes. De acordo com o padre Brennan (Patrick Troughton), que procura Robert Thorn em visível desespero, Damien é ninguém menos que o filho de Lúcifer, como denunciam acontecimentos notados também por um fotógrafo enxerido (David Warner) que se aproxima cada vez mais do diplomata promovido a embaixador.

Lançando um olhar extremamente válido sobre o mito do anti-cristo, A Profecia cumpre seu papel de instigar, assustar e manter as incômodas imagens e passagens do filme na mente do espectador. Afinal, a ameaça do demônio encarnada na figura de uma criança inocente é um dos mais eficientes causadores de conflito já criados para uma história de terror, o que Richard Donner consegue valorizar com uma sutileza impressionante, capaz de colocar o personagem de Damien no panteão dos maiores vilões do cinema de horror de todos os tempos. Tanto que o nome Damien tornou-se com o passar do tempo um sinônimo de moleque empesteado, bem daqueles que são o terror de suas famílias em programas como "Super Nanny". Uma herança peculiar, que não é o que de fato ocorre no filme, que evita qualquer associação física direta do menino com o demônio propriamente dito. As ligações aparecem por meio de personagens coadjuvantes, como a sinistra babá Sra. Baylock (Billie Whitelaw), ou através da associação dos enviados do demo com o famoso número da besta, o 666. Para a família adotiva do menino, nada mais apropriado do que usar um casal não-religioso e feliz, mas ansioso por ter um tão esperado filho.

Adornando o tema apocalíptico e a fotografia lúgubre do filme aparece a premiada trilha sonora de Jerry Goldsmith, no único trabalho pelo qual o renomado compositor ganhou um Oscar. Mais do que os atordoantes zooms da câmera de Donner ou as impactantes mortes mostradas ao longo da narrativa, é a música de Goldsmith que mais ajuda a estabelecer o clima tétrico de decadência que acompanha a trajetória de Damien. Harvey Stephens, seu intérprete, jamais participou de qualquer outro filme, muito embora seu semblante pareça tão familiar. Mais um motivo do porquê esta obra de Richard Donner se recusa a abandonar as lembranças de quem a vê pela primeira vez, um clássico cujas fracas continuações não chegam sequer perto de igualar o impacto do filme original.

O DVD da Fox vem com uma coletânea razoável de extras: uma faixa de comentários de Richard Donner e do editor Stuart Baird, um making-of de 45 minutos, um especial de 6 minutos detalhando os acontecimentos sinistros ocorridos com a equipe técnica durante a produção do filme, quatro seqüências sobre a trilha sonora devidamente introduzidas e comentadas por Jerry Goldsmith e o obrigatório trailer de cinema.

Texto postado por Kollision em 7/Junho/2006