De acordo com o produtor Harvey Bernhard na faixa de comentários deste DVD, antes mesmo do primeiro A Profecia ser lançado já havia planos para fazer da história do anticristo no cinema uma trilogia. Um estrondoso sucesso para a sua época, o trabalho de Richard Donner criara uma enorme expectativa para qualquer eventual continuação. Infelizmente, ele não estava disponível para comandá-la (tendo ido se aventurar num desafio ainda maior, a adaptação de Superman - O Filme), numa tarefa que sobrou inicialmente para Mike Hodges (Flash Gordon), despedido após algumas semanas de filmagem, e em seguida para Don Taylor, diretor sem expressão com vasta experiência na TV e pouquíssimos trabalhos em cinema. Como este filme e a história demonstram, porém, Taylor não é nenhum Richard Donner.
Damien (Jonathan Scott-Taylor) está agora com 13 anos, e cresceu sob a guarda de seu tio Richard Thorn (William Holden) e sua tia Ann (Lee Grant). Prestes a ser enviado para uma escola militar com o primo e irmão de criação Mark (Lucas Donat), avisos estranhos sobre sua natureza demoníaca começam a chegar ao conhecimento de seu tio, como demonstra a preocupação da sua tia Marion (Sylvia Sidney) e as reminiscências das últimas ações do exorcista Karl Bugenhagen (Leo McKern). Ao mesmo tempo, Damien começa a perceber a verdadeira natureza de sua nefasta existência, graças aos conselhos do seu superior no exército (Lance Henriksen) e de um inescrupuloso executivo que trabalha junto com seu tio (Robert Foxworth).
O principal motivo do porquê alguém teria que assistir a este filme fica tão somente no interesse em tomar conhecimento da continuidade da história de Damien. Afinal, tudo relacionado a esta seqüência não passa de uma sombra esquálida do primeiro filme, que basicamente conta a mesma história enquanto o pequeno anticristo atravessa a fase da pré-adolescência: tutores felizes e desinformados são bombardeados por coincidências funestas, alertados por coadjuvantes sinistros que prenunciam o desastre e imersos num embate final que trilha a linha não tão tênue entre a razão e a credulidade religiosa. A execução não chega a ser ruim, o problema está mesmo na repetição da estrutura do roteiro de David Seltzer, que na nova versão carece da surpresa e do bem-sacado escapismo apocalíptico. A maior das falhas da história fica no hiato entre a infância de Damien e sua pré-adolescência, que não é sequer mencionado e representa um grande buraco dentro de sua trajetória.
As poucas novidades ficam por conta dos poderes mentais explicitamente demonstrados pelo anticristo. Seu processo de auto-conscientização tem um contraponto de potencial na amizade entre Damien e o primo, que infelizmente peca por não ser muito bem desenvolvida. Jerry Goldsmith volta para ajudar a manter o clima demoníaco com uma trilha sonora um pouco mais agressiva e várias releituras da emblemática Ave Satani. William Holden, arrependido por ter deixado passar o papel principal do primeiro filme, não corresponde à altura à grande presença do antecessor Gregory Peck. É por isso que A Profecia II fica vários degraus abaixo do primeiro capítulo da trilogia, apesar da surpresa presente no clímax da história, dotada de um desfecho que não deixa de ser decepcionante.
A saga de Damien continua em A Profecia III - O Conflito Final.
Os extras do DVD se resumem à já mencionada faixa de comentários conduzida por Harvey Bernhard e aos trailers dos três filmes da série.
Texto postado por Kollision em 13/Junho/2006