O cinema americano bem que podia ter mais cineastas como Mel Gibson. Que nem americano é.
É lastimável a constatação de que, vez ou outra, o povo dos Estados Unidos é o próprio responsável pelo sentimento de anti-americanismo que se propaga ao redor do planeta como um vírus. A verdade é que a culpa não pode ser imputada somente a gente imbecil como o sr. George Bush, uma das criaturas mais teimosas que já chegaram ao poder na história do mundo moderno.
Uma grande parcela do povo de lá está anestesiada, com os olhos vidrados no próprio umbigo enquanto o resto da humanidade caminha adiante. Acreditem, tem norte-americano adulto e vacinado que não vai assistir a Apocalypto porque o filme é exibido com legendas! A preguiça de gente dessa estirpe não deixa que eles sequer levantem as bundas gordas do sofá enquanto devoram seus sanduíches gordurosos no almoço. Que dirá então ter que pensar para ler as legendas em um filme produzido pela indústria do próprio país? Que esperança existe para a educação social de uma gente que se recusa a abrir os olhos para culturas e formas diferentes de se enxergar uma realidade cada vez mais caótica?
Obviamente, o caso de Apocalypto é só um entre milhares de exemplos de ignorância social-degenerativa. Talvez nem seja o exemplo mais pertinente. Mas é revoltante ler declarações de gente que "não assiste ao filme porque ele é legendado" ou que "vai esperar para que o filme passe na televisão dublado".
Já os outros dois longas aos quais assisti recentemente no cinema tocam mais diretamente em temas relacionados a conflitos da sociedade moderna. Babel (Ińárritu) é contundente e denso. Tão denso que passa do ponto, como relatou uma amiga que saiu da sala de projeção com dor de cabeça após ter visto o filme. Não é o meu preferido na corrida do Oscar 2007.
A Rainha (Stephen Frears) traz um ensaio fascinante sobre a relação conturbada e para muitos incompreensível entre a monarquia e o povo inglês, consideravelmente abalada após a morte da princesa Diana, em 1997. A estranheza em ver uma história com gente que ainda está viva, e bem viva, é logo esquecida graças às ótimas interpretações de Helen Mirren e Michael Sheen, como a rainha Elizabeth II e seu primeiro-ministro Tony Blair.
Ainda não sei se concordo muito com a idéia de que Mirren vai levar o Oscar de melhor atriz de barbada, mas vamos ver o que consigo assistir até o dia 25.
Relação dos demais filmes vistos desde o último post:
Requiem pour un Vampire (1971) - Visto em DVD em 7-FEV, Quarta-feira
aka Requiem for a Vampire – Pastiche sem muita substância narrativa, com uma dose irregular (mas farta) de fetiche pseudo-erótico.
Conta Comigo (1986) - Revisto em DVD em 8-FEV, Quinta-feira
Grande clássico juvenil dos anos 80, baseado em conto de Stephen King.
Texto postado por Kollision em 16/Fevereiro/2007