Cinema

Transformers - O Lado Oculto da Lua

Transformers - O Lado Oculto da Lua
Título original: Transformers - Dark of the Moon
Ano: 2011
País: Estados Unidos
Duração: 157 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Michael Bay (Sem Dor, Sem Ganho,   Transformers - A Era da Extinção,   13 Horas - Os Soldados Secretos de Benghazi)
Trilha Sonora: Steve Jablonsky (Battleship - A Batalha dos Mares, Caça aos Gângsteres)
Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Frances McDormand, Patrick Dempsey, John Turturro, John Malkovich, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, Rich Hutchman, Kevin Dunn, Alan Tudyk, Julie White, Ken Jeong, Glenn Morshower, Lester Speight
Avaliação: 6/10

Visto no cinema em 2-JUL-2011, Sábado, sala 5 do Multiplex Pantanal

O maior desafio dos filmes da série Transformers, baseados num desenho animado que por sua vez surgira a partir de uma linha de brinquedos, sempre foi conciliar a grandiosidade associada à ideia de robôs que se transformam em meios de transporte com o aspecto mundano diametralmente oposto associado aos seres humanos. Um filme exclusivamente povoado por máquinas não funcionaria, e é por isso que existe a necessidade de inserir subtextos com personagens de carne e osso: as pessoas precisam de algo com o qual possam se identificar. Analisando a série dirigida por Michael Bay sob este ponto de vista, é evidente que ela jamais chegou perto da unanimidade crítica, seja entre fãs ou entre os que se consideram entendidos em cinema. E o terceiro filme é provavelmente o capítulo mais controverso da trilogia.

Em O Lado Oculto da Lua os Decepticons, conhecidos como os robôs do mal, começam o filme divididos e enfraquecidos. A história regride algumas décadas para mostrar como os programas espaciais dos EUA e da antiga URSS ocultaram uma ameaça dormente ao planeta Terra e aos Autobots, os robôs do bem que se autodeclararam protetores da humanidade. Quando um Autobot enfraquecido é encontrado e reanimado, o cenário muda completamente de rumo. Em outro lugar, acompanhamos também as tribulações de Sam (Shia LaBeouf), que está de namorada nova (Rosie Huntington-Whiteley) e permanece à procura do primeiro emprego após se formar. Seu caminho, como era de se esperar, voltará a se cruzar com o de Optimus Prime e seus seguidores.

O longa é roteirizado por Ehren Kruger (O Suspeito da Rua Arlington, O Chamado, A Chave Mestra), que entrega logo de cara uma proposta ambiciosa para a aventura. Ainda que ela demore para engrenar, o que atrasa a entrada das cenas de ação e explosões, uma vez que a merda vai para o ventilador pode-se esperar a mesma overdose de efeitos especiais e sequências de destruição acachapantes. Esse aspecto do filme é irretocável em sua execução, e o diretor consegue elevar a um novo patamar as situações de perigo enfrentadas pela humanidade (as leis da física são completamente ignoradas na reta final, mas tudo bem). Por outro lado, o elo mais fraco da história volta a ser o grupo de personagens humanos, e desta vez é bem mais difícil relevar as bobagens quando eles tomam conta da tela. A motivação primordial do protagonista Sam, por exemplo, cai por terra uma vez que sua namorada antiga (Megan Fox) é limada da trama como se tudo o que aconteceu anteriormente não tivesse ido além de uma paquera de verão. A pureza das intenções do rapaz diante da adversidade absurda perde a força completamente. John Malkovich se submete a um papel patético. John Turturro, o declarado alívio cômico, até consegue ser mais útil dentro do conflito, mas é obrigado a passar por cenas vergonhosas com ninguém menos que Frances McDormand, enquanto Josh Duhamel e Tyrese Gibson reprisam seus papeis no modo automático. Os únicos que conseguem algum tipo de exposição mais decente são Alan Tudyk, como o sidekick esperto de John Turturro, e Patrick Dempsey, no papel do primeiro vilão humano a aparecer na série.

Para cada pequeno acerto do filme, como o fato dele manipular a paleta de cores dos robôs para manter a bagunça sob controle (Autobots são sempre coloridos e chamativos, Decepticons raramente abandonam os tons de cinza), é preciso passar por coisas nefastas como algumas cenas de ação que se estendem além da conta (LaBeouf grudado a um Decepticon descontrolado por uma eternidade sem quebrar um único dedo). Gostei de terem transferido a cidade-alvo de Nova York para Chicago, mas senti falta da destruição globalizada não ter sido mostrada em outros cartões postais ao redor do mundo.

Em suma, Transformers - O Lado Oculto da Lua (nem vou comentar sobre o ridículo subtítulo original em inglês) está praticamente no mesmo nível da segunda parte. Isso significa que o filme é recomendado para viciados em sinfonias de destruição e para os fãs antigos dotados de mente aberta. Afinal, esperar que um filme atual seja exatamente como um desenho oitentista é utopia de retardados.

Mesmo depois de encerrar a trilogia, Michael Bay decidiu retornar e dar continuidade à saga dos Autobots e Decepticons em Transformers - A Era da Extinção.