Cinema

Superman IV - Em Busca da Paz

Superman IV - Em Busca da Paz
Título original: Superman IV - The Quest for Peace
Ano: 1987
País: Inglaterra
Duração: 90 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Sidney J. Furie (O Enigma do Mal, Águia de Aço, Círculo da Morte)
Trilha Sonora: Alexander Courage
Elenco: Christopher Reeve, Gene Hackman, Mark Pillow, Mariel Hemingway, Margot Kidder, Jon Cryer, Jackie Cooper, Marc McClure, Sam Wanamaker, Damien McLawhorn, William Hootkins, Jim Broadbent, Stanley Lebor, Don Fellows, Robert Beatty
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 1

Talvez um dos longa-metragens baseados em HQs mais mal-sucedidos da história do cinema, Superman IV é um caso estranho de produção amaldiçoada pelas mazelas de estúdio. Afinal, se o filme dependesse exclusivamente da vontade de Christopher Reeve, ele seria um retorno triunfal à qualidade e emoção dos dois primeiros longas da série. O que o ator não previa no começo do projeto era o cruel corte no orçamento e as tristezas decorrentes do contrato com a produtora Cannon, de Menahem Golan e Yoram Globus, e seu peculiar estilo de se fazer cinema com trocados. Cinema de qualidade, da qualidade que Reeve inicialmente visualizava, era algo que a então cambaleante Cannon já não podia proporcionar na segunda metade da década de 80.

Com o passar dos anos, o filme acabou se inserindo na categoria das obras que são grandes motivos de riso. Muito do que ocorre em sua relativamente curta duração é estúpido, é inocente demais, não é capaz de satisfazer mesmo às mais fantasiosas crianças que hoje são viciadas em Power Rangers. Dos efeitos especiais ridículos às lutas sem qualquer noção de coreografia, da ênfase idiota no humor rasteiro ao tratamento inexplicável dado a personagens importantíssimos como Lois Lane, a quantidade de inadequações do filme acabou se convertendo em objeto de culto debochado até mesmo para quem é fã incondicional do homem de aço. É possível se divertir com isso, uma trágica epopéia do Superman que pelo menos não chega ao nível das patacoadas que já foram feitas com seu colega de editora menos famoso - o Batman.

Aproveitando o período turbulento da presidência de Ronald Reagan e do final da guerra fria, a história coloca o Superman (Christopher Reeve) numa sinuca de bico ao fazê-lo quebrar sua promessa de não interferir no destino do planeta Terra. Atendendo ao encarecido pedido de um menino, o kryptoniano toma para si a responsabilidade de eliminar todas as armas nucleares do mundo, mandando-as para o sol. Só que a fuga de seu arqui-inimigo Lex Luthor (Gene Hackman) da cadeia e seu novo plano de gerar um clone do homem de aço interferem na rotina pacifista do herói. Superman é surpreendido pela nova ameaça do Homem Nuclear (Mark Pillow), enquanto seu alter-ego Clark Kent sofre o assédio da nova editora do Planeta Diário Lacy Warfield (Mariel Hemingway), numa incógnita de ciúmes não tão séria assim para uma incompreensível Lois Lane (Margot Kidder).

Se Superman III, lançado quatro anos antes, já havia enveredado por um caminho que cortejava abertamente o precipício, era quase impossível imaginar que algo pior poderia vir a seguir. Mas veio. E sepultou para sempre a franquia, numa colcha de retalhos com tantos absurdos que é quase impossível levar qualquer passagem do filme a sério. Dá tristeza de constatar a pobreza dos efeitos especiais de última categoria, de não deixar de notar a barriguinha saliente que Christopher Reeve nem sempre consegue esconder (atenção à cena em que ele carrega a Estátua da Liberdade pelos céus de Nova York – ops, Metrópolis), ou de presenciar uma das maiores pagações de mico da filmografia de Gene Hackman, ao lado de um sobrinho panaca (Jon Cryer) que deixa uma saudade danada do rechonchudo Otis (feito por Ned Beatty nos dois primeiros filmes da série).

As pretensões de Superman IV em levar o homem de aço a um novo patamar de sucesso afundaram rapidamente após seu lançamento, já que quase nada se salva do espetáculo de aberrações físicas e cênicas. Um dos mitos que cercam o longa é o fato dele ter sido originalmente concebido com 45 minutos a mais de duração. Isso explica as muitas passagens em que parece faltar algo à história, ou a extrema patetice com que foi retratada a pobre Lois Lane, que mais parece uma retardada em cena.

Visto hoje, o filme é um trabalho absurdamente tosco, que ainda por cima envelheceu terrivelmente. O mais irônico a seu respeito, porém, é que com algum mínimo espírito de deboche até quem não é fã do Superman pode dar umas boas risadas com a história.

O DVD da Warner vem com mais de meia hora de cenas excluídas/estendidas, que dão uma boa idéia do que foi limado do corte final do filme e de como ele poderia ser ainda pior do que já é... Há ainda uma sincera faixa de comentários do roteirista Mark Rosenthal e, na seqüência de inicialização do DVD, uma propaganda anti-pirataria, trailer dos DVDs já lançados envolvendo o universo do Superman e o trailer de Superman - O Retorno.

Visto em DVD em 18-NOV-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 24-NOV-2006