Com o imenso sucesso dos dois primeiros filmes do homem de aço, era absolutamente óbvio que mais aventuras da série seriam produzidas. Eis que, três anos depois de Superman II, o diretor Richard Lester retorna ao universo do Super-Homem para comandar o novo episódio. Desta vez sem Gene Hackman como Lex Luthor, e sem dispor de vilões kryptonianos, os roteiristas optaram por inserir na trama um super-computador capaz de derrotar o filho mais nobre de Krypton.
Já que Lois Lane (Margot Kidder) saiu em férias, Clark Kent (Christopher Reeve) retorna a Smallville para a reunião anual de sua turma, reencontrando seu amor de adolescente Lana Lang (Annette O'Toole). Entre um e outro ato de heroísmo, seu alter-ego, o Super-Homem, acaba interferindo nos planos de um maligno empresário (Robert Vaughn), que deseja controlar o mundo através dos computadores e de seu gênio particular (o comediante Richard Pryor, que é, em tudo, o espírito do filme). O herói não enfraquece quando os vilões o expõem a uma kryptonita sintética, mas tem sua personalidade alterada de altruísta e bonzinho para egoísta, maléfico e conquistador de mulheres. Tudo parece caminhar para o domínio global dos vilões quando o Super-Homem, numa crise de identidade em sua própria mente, enfrenta a si mesmo num surreal duelo num ferro velho abandonado.
Em muitos aspectos esta continuação é diferente dos dois primeiros filmes. A ênfase no humor é bem maior neste, parte culpa do diretor Richard Lester, que aqui teve menos interferência do estúdio e não foi assombrado pelo fantasma de outro diretor (Richard Donner, que filmou parte de Superman II), e parte por culpa de Richard Pryor, o que é por demais evidente. Como se já não bastasse a seqüência de abertura engraçadinha, o filme é coalhado de piadinhas que variam do completamente piegas ao completamente desnecessário e inconveniente. E é por isso que o resultado ficou exagerado demais. Com um roteiro e situações que beiram o ridículo, o filme patina na monotonia completa durante a primeira hora e só mostra mesmo um sinal de vida quando o Super-Homem fica malvado, sujo e bêbado. Nem mesmo as tentativas de emular algo dos filmes originais funciona bem, como demonstra o quase clone da srta. Teschmacher (papel da voluptuosa Valerie Perrine em Superman e Superman II). O quarteto de vilões (incluindo Pryor) é uma piada, e seus planos de dominação mundial fazem rir nos dias de hoje. A era dos PCs ainda estava nascendo em 1983, o que ajuda a datar ainda mais o filme e sua premissa narrativa envolvendo computadores.
Christopher Reeve é quem salva Superman III do total esquecimento, sendo a seqüência da luta entre Clark Kent e o Super-Homem no ferro velho a melhor do filme. Fica claro também que a mão de Richard Donner fez muita falta desta vez. Margot Kidder faz apenas uma participação especial, já que o papel de Lois Lane praticamente inexiste nesta seqüência. Os fãs hardcore do homem de aço com certeza vão se divertir bastante, mas apenas eles. Para todos os demais, Superman III não passa de sessão da tarde completamente descartável.
O único extra no DVD da Warner é o trailer de cinema que, como muitos outros trailers da época, conta quase toda a história do filme em pouco menos de três minutos.
Texto postado por Kollision em 23/Outubro/2004