Filmado ao mesmo tempo que a primeira parte, Superman II provou ser uma realização melhor e ainda mais emocionante que o filme-gênese. Mantendo exatamente o mesmo tom do original, devido principalmente às cenas já gravadas e ao clima instaurado pelo diretor Richard Donner (que se desentendeu com os produtores e foi demitido a meio caminho, sendo substituído por Richard Lester), o filme elevou o mito do homem de aço a um patamar ainda hoje não igualado em realização cinematográfica de super-heróis.
Os créditos de abertura, acompanhados do clássico tema musical, fazem um flashback da primeira aventura do herói e situam o espectador que porventura tenha perdido a ação do primeiro filme. Quando o Super-Homem (Christopher Reeve) salva a eterna repórter-problema Lois Lane (Margot Kidder) da explosão de uma bomba H em Paris, ele acidentalmente liberta da chamada Zona Fantasma os três malfeitores aprisionados por seu pai antes da destruição de Krypton: o impiedoso general Zod (Terence Stamp), a maquiavélica Ursa (Sarah Douglas) e o mudo Non (Jack O'Halloran). Inevitavelmente, os bandidos rumam à Terra para causar o caos e a destruição. Enquanto isso, o Super-Homem envolve-se num idílio amoroso com sua amada Lois Lane e chega a abdicar de seus poderes, percebendo talvez tarde demais que pode ter cometido um erro inominável, deixando o planeta Terra à mercê de três super-vilões com os mesmos poderes que ele. Ao mesmo tempo, o famigerado Lex Luthor (Gene Hackman) escapa da prisão e tenta uma arriscada aliança com os recém-chegados kryptonianos.
Se Superman, de 1978, já tinha sido uma aventura fantástica e bem-sucedida, que tinha a obrigação de contar a origem do herói desde sua infância, Superman II não hesita em colocar o Super-Homem em ação logo de cara, mantendo o pique de HQ em movimento o tempo todo e desenvolvendo completamente o romance entre o herói e Lois Lane. Os efeitos especiais mantêm a mesma qualidade, e o roteiro não se distancia da estética de quadrinhos adotada na primeira parte, o que foi uma decisão mais do que acertada (mesmo com as aberrações físicas e espaciais da história). O bom humor marca presença novamente, principalmente quando Lex Luthor entra em cena. A diferença crucial, que torna esta seqüência indubitavelmente superior ao original, está mesmo na presença dos super-vilões, que cativam a imaginação da platéia logo de início e fazem-na imaginar como poderá ser o confronto do homem de aço contra três outros seres com os mesmos poderes que os seus. A luta nos céus de Metrópolis é até hoje um marco, sendo o momento em que o Super-Homem chama seus inimigos para a porrada, à janela do Planeta Diário, o início de uma das seqüências mais marcantes e inesquecíveis da história do cinema.
Fãs ardorosos do personagem costumam ver com maus olhos algumas liberdades tomadas pelo roteiro, como os poderes de levitação e disparo de raios com as mãos, demonstrados pelos vilões em vários momentos do filme (além dos teleportes na seqüência da Fortaleza da Solidão). A verdade é que o filme é tão envolvente e seus personagens tão grandiosos, que esses pormenores passam batido. Aliás, em nenhum outro momento da série, ou em qualquer outro filme de super-heróis, os vilões foram tão ameaçadores, bem-caracterizados e aproveitados como em Superman II. É por isso que, mesmo com seus pequenos defeitos, na opinião de muitos o filme se mantém até hoje como a mais fiel e bem-sucedida adaptação de HQs da história do cinema.
O DVD de Superman II possui como único extra o trailer original de cinema. No entanto, os extras contidos no DVD duplo de Superman trazem muitas informações sobre o segundo filme (deve-se lembrar que ambos foram filmados ao mesmo tempo).
Texto postado por Kollision em 21/Outubro/2004