Às vezes boas idéias não são capazes de render bons resultados, e este filme do ex-cultuado diretor Tobe Hooper é uma das melhores provas disso. Alçado a uma posição de respeito após perpetrar o clássico underground O Massacre da Serra Elétrica (1974) e ser apadrinhado por Steven Spielberg em Poltergeist - O Fenômeno (1982), o homem meteu os pés pelas mãos e entrou em meteórico declínio ao longo dos anos 90. Na época da realização de Combustão Espontânea ele ainda desfrutava de algum prestígio, já que só isso pode justificar a presença de um ator de gabarito como Brad Dourif no papel principal da película.
Dourif é Sam, um rapaz comum que sofre de uma febre desde o seu nascimento. Mal sabe ele que seus pais eram na verdade cobaias de uma experiência militar envolvendo a imunidade dos seres humanos aos efeitos das armas nucleares, conduzidas e terminadas durante o auge da guerra fria. Ele nota algo estranho em sua vida exatamente quando dois de seus conhecidos morrem em decorrência da chamada 'combustão humana espontânea', um raro fenômeno que faz com que as vítimas queimem de dentro para fora. Quando ele próprio começa a perceber que pode estar se tornando uma vítima, Sam inicia uma busca pela verdade que traz conseqüências arrasadoras para ele e para seus amigos mais próximos.
Além de carregar o filme nas costas, Brad Dourif é praticamente a única razão pela qual alguém poderia julgar que devesse assistir a esse equívoco. Há também uma participação interessante (e hilária) do diretor John Landis, como uma das vítimas flamejantes da tal combustão espontânea. É claro que, para o espectador médio, isso não faz diferença alguma. A história morna traz muito poucas inovações, e nem mesmo os efeitos especiais conseguem ser uma atração mais convincente. A idéia da mutação genética do personagem principal e do emprego de seu dom em outras pessoas soa extremamente falha em boa parte das vezes, como na cena da morte dos pais do rapaz.
A atmosfera do filme chega em alguns momentos a lembrar a estranheza das obras mais bizarras de David Cronenberg, mas infelizmente o resultado nunca passa do mediano ao pífio. Exemplo de como destruir completamente uma história é a seqüência que preenche os minutos finais do filme. O roteiro perde o rumo por completo, destruindo o pouco que havia conseguido construir e encerrando tudo com a cena mais patética possível para uma obra de horror, mesmo para os mais batidos padrões de qualquer pastiche de baixo orçamento. Chega a ser patético, algo digno de pena.
As únicas coisas presentes na seção de extras são biografias curtas de Tobe Hooper e Brad Dourif.
Texto postado por Kollision em 3/Setembro/2005