O fato dessa continuação ter sido produzida para a TV não tira o mérito dos envolvidos, mesmo que esse mérito não seja lá grande coisa. Acreditando que ainda havia algo a ser contado sobre o assassino Norman Bates, o roteirista do filme original Joseph Stefano concebeu uma última história, que lança um olhar retroativo à adolescência do atormentado assassino e procura dar-lhe uma justificativa plausível para sua esquizofrenia homicida. A julgar pelo resultado, não dá para afirmar categoricamente que o suspense de outrora retornou. Porém, se relevadas as inconsistências da história, até que ela não é de se jogar fora.
Alguns anos após os eventos mostrados em Psicose III, Norman Bates (Anthony Perkins) reaparece levando uma vida normal, longe de qualquer sanatório ou do fatídico Bates Motel. Enquanto espera pela chegada da esposa (Donna Mitchell) do trabalho, ele prepara um jantar e dá o ar da graça num programa de rádio cujo tema é, coincidentemente, "filhos que matam suas mães" – os chamados matricidas. A apresentadora do show (CCH Pounder) logo se dá conta que está sentada numa mina de audiência, e trata de manter Norman ocupado e falando sobre seu passado, principalmente seu tempestuoso período de adolescência (aqui ele é personificado por Henry Thomas, o Elliott de ET - O Extra-terrestre) passado ao lado da mãe louca (Olivia Hussey). A entrevista torna-se cada vez mais estranha, indicando que algo terrível pode estar prestes a acontecer envolvendo o atormentado Norman.
Esmiuçar o passado de gente perturbada pode ser uma das coisas mais fascinantes e reveladoras a respeito da natureza do ser humano. Se a figura em questão é Norman Bates, tudo o que se pode concluir a respeito deste filme é que ele vale ao menos uma espiada. Pela performance de Anthony Perkins, a última na pele de seu mais famoso personagem, e pela presença perturbadora da bela Olivia Hussey, como uma mãe completamente desequilibrada. O roteiro tenta deixar claro o motivo de tanta merda na cabeça de Norman, dada a quantidade de agressões e impropérios proferidos pela mulher que o destruiu psicologicamente antes mesmo da idade adulta. Henry Thomas, por sua vez, mimetiza os cacoetes de Perkins de forma razoável. Assim como em vários outros filmes produzidos na época, o diretor John Landis aparece aqui numa palhinha como o diretor da emissora de rádio. A sorte é que ele não tem muitas falas, e ainda bem que jamais decidiu seguir a carreira de ator...
O punhado de lances esquisitos da história está basicamente relacionado aos assassinatos que Norman comete antes mesmo de matar a mãe, cujos desfechos investigativos sequer chegam a ser mencionados. Tudo leva a crer que ele tinha mais sorte enquanto a mãe estava viva. O final de sua tribulação no presente é uma prova do quanto o personagem foi banalizado. Não sei se isso se deve ao fato da produção ter sido feita para a televisão, mas penso que Norman Bates merecia uma saída de cena mais estilosa (e macabra).
Sem extras. Assim é o DVD desta continuação, exatamente como os DVDs das partes anteriores lançados pela Universal.
Texto postado por Kollision em 7/Fevereiro/2006