O círculo se fecha em torno do icônico Norman Bates nesta segunda continuação do clássico Psicose, obra-prima realizada por Alfred Hitchcock em 1960. É o próprio Norman quem dirige o filme, num esforço literalmente de pai para filho por parte de Anthony Perkins, cuja imagem já estava então irremediavelmente associada a um dos psicopatas mais famosos da história do cinema. Fica bastante claro que o esforço de Perkins em sua primeira tentativa como diretor é, em sua maior parte, uma combinação morna entre um slasher convencional e uma homenagem explícita ao seu mentor Hitchcock.
Após se safar das complicações criminosas do filme anterior, Norman Bates (Anthony Perkins) continua a viver em paz administrando seu motel de beira de estrada. De uma hora para outra, chega à cidade uma repórter (Roberta Maxwell) disposta inicialmente a conseguir entrevistas com Norman, mas que logo se revela uma intrometida de marca maior. Outro intrometido é o recém-contratado gerente de seu hotel (Jeff Fahey), um canalha disfarçado que se une à repórter para investigar a rotina de seu chefe. A chegada de uma freira desgarrada e desesperada (Diana Scarwid) ao motel Bates traz de volta à atormentada mente de Norman a lembrança de Marion Crane, a primeira e mais famosa vítima de sua personalidade esquizofrênica. É então que as conversas com sua "mãe", cujo corpo ele continua a esconder dentro de casa, voltam a atormentá-lo com impulsos homicidas.
A aproximação do personagem principal ao estilo descartável de assassino serial tão popularizado na década de 80 é o que mais ajuda a denegrir este trabalho de Anthony Perkins. A famosa dupla personalidade de Norman já não consegue apresentar surpresas como antes. Sendo assim, foi preciso apelar para aqueles personagens relâmpago, que aparecem numa cena somente para serem mortos imediatamente a seguir. Meio que sintetizando e ajudando a definir o gênero durante a década, Perkins até mesmo decide tirar a roupa de algumas garotas e tenta abordar seu alter-ego com um olhar mais pessimista, revelando traços repugnantes de sua personalidade que jamais chegaram a dar as caras nos filmes anteriores (como o hábito novo de beijar o cadáver de uma garota antes de se livrar dele).
Duas cenas chave entregam o quanto o diretor/astro quis homenagear/copiar o mestre Hitchcock: a morte da primeira vítima, que emula a famosa cena do chuveiro de Janet Leigh, e a seqüência de queda da escadaria, filmada nos moldes de outra cena clássica do filme original. Fora isso, a única coisa que foge à banalização que parece permear toda a película é a performance única e sempre incômoda de Anthony Perkins. Norman, por sinal, é um cara bastante sortudo para um psicopata... Doido como é, ele ainda consegue atrair a simpatia genuína de jovenzinhas como Meg Tilly (em Psicose II) e Diana Scarwid, o muro de lamentações e talvez a salvação do psicopata neste filme.
Pra variar, não há nada de material extra na edição em DVD lançada pela Universal.
Texto postado por Kollision em 5/Fevereiro/2006