Cinema

Missão Impossível 2

Missão Impossível 2
Título original: Mission: Impossible II
Ano: 2000
País: Alemanha, Estados Unidos
Duração: 123 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: John Woo (Alvo Duplo, Rajada de Fogo, O Pagamento)
Trilha Sonora: Hans Zimmer (A Guerra das Perucas, A Promessa, Pearl Harbor)
Elenco: Tom Cruise, Dougray Scott, Thandie Newton, Ving Rhames, Richard Roxburgh, John Polson, Brendan Gleeson, Rade Serbedzija, Anthony Hopkins, William Mapother, Dominic Purcell, Matthew Wilkinson, Nicholas Bell, Kee Chan
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação: 5

Graças à trama traíra do primeiro Missão Impossível, Tom Cruise tornou-se o "cara" quando o assunto é a divisão secreta da inteligência americana chamada IMF (Impossible Mission Force). Produtor e praticamente detentor da idéia nesta nova era, Cruise mostrou-se disposto a arriscar algo diferente na continuação do sucesso anterior, chamando para a direção o aclamado diretor de filmes de ação John Woo, cujo A Outra Face (1997) havia colocado sua estrela na estratosfera do cinema ocidental. O único revés da mudança é que o filme ganhou em psicodelia cinética, mas perdeu terrivelmente em sutileza e identificação em relação à famosa série original.

Desta vez, o agente Ethan Hunt (Cruise) é subitamente retirado de suas férias pelo novo comandante da IMF (Anthony Hopkins) para encarar mais uma missão impossível: rastrear Sean Ambrose (Dougray Scott), um perigoso agente renegado que traiu a organização em troca de um perigoso vírus que ele deseja capitalizar no mercado negro, representado pelo dono de um laboratório suspeito (Brendan Gleeson). Para isso, Hunt deve reunir uma equipe de mais três espiões, incluindo a morena Nyah (Thandie Newton), uma ladra independente cujo papel no grupo é se infiltrar no covil de Ambrose, já que ela ainda representa seu principal interesse amoroso. Os outros dois são o hacker Luther (Ving Rhames), remanescente da última aventura, e o piloto tagarela Billy (John Polson). As coisas se complicam um pouco quando Ethan Hunt se apaixona por Nyah, e entornam de vez quando ela dá início à sua missão impossível.

O que mais fica evidente, e isso não leva muito tempo de filme, é o quanto Woo parece ter se iludido com o cinema americano após seus primeiros sucessos nesta indústria, passando dos limites em quase tudo o que se refere a roteiro e cacoetes estilosos. O filme tem um sério problema de ritmo, encontrando a sua razão de ser somente lá para depois da metade, e patinando numa palhaçada romântica forçada que, de tão canhestra, quase compromete todo o resto do longa. Dá até uma reviravolta no estômago na seqüência do balé dos carros em câmera lenta, um recurso que só é bem usado mesmo na cena característica em que os pombos (marca registrada do diretor) são jogados dentro do frame. E não estou falando daquele pombinho que foi inserido digitalmente para atravessar a cortina de fogo onde o herói é mostrado em toda sua glória no plano de fundo. O roteiro é de uma simplicidade de dar dó, principalmente quando comparado ao roteiro do primeiro filme, injustamente taxado de "excessivamente complicado". Só pode ser para quem tem preguiça de pensar, essa é a verdade.

Para compor sua inchada ode à ação descerebrada, John Woo chegou ao cúmulo de exigir que o roteirista Robert Towne escrevesse a história usando como base algumas das cenas perigosas que ele desejava colocar no filme. Só isso mesmo para justificar a impossível cena de abertura, por exemplo. Tudo muito bem feito, com o padrão de qualidade característico das produções Cruise/Wagner, e é triste constatar que é só com esse estado de espírito que a platéia será capaz de desfrutar a aventura, um amontoado bruto e desconexo de cenas de ação que tendem a transformar Ethan Hunt num exército de um homem só, o que em suma é a principal causa do filme se distanciar do espírito da série original. Falta carisma à Hunt girl Thandie Newton, e o único personagem que parece vivo no resto do elenco é o vilão de Dougray Scott, ator que por muito pouco não se tornou o Wolverine de X-Men - O Filme (Bryan Singer, 2000). É isso aí, enquanto alguns despontam para o estrelato, outros seguem o inexorável caminho rumo ao esquecimento.

A série continua em Missão Impossível 3, de 2006.

O DVD simples da Paramount vem com os seguintes extras: uma faixa de comentários do diretor John Woo, making-of de 15 minutos, um especial de 5 minutos sobre o trabalho dos dublês, detalhes técnicos das filmagens de 11 cenas de ação, o videoclipe I Disappear do Metallica, um crédito de abertura alternativo para o filme e a sátira do MTV Movie Awards capitaneada por Ben Stiller.

Texto postado por Kollision em 5/Maio/2006