Cinema

A Outra Face

A Outra Face
Título original: Face/Off
Ano: 1997
País: Estados Unidos
Duração: 139 min.
Gênero: Ação/Aventura
Diretor: John Woo (Fervura Máxima, O Alvo, Missão Impossível 2)
Trilha Sonora: John Powell (Suando Frio, O Caminho para El Dorado, Shrek)
Elenco: John Travolta, Nicolas Cage, Joan Allen, Alessandro Nivola, Gina Gershon, Dominique Swain, Nick Cassavetes, Harve Presnell, Colm Feore, John Carroll Lynch, CCH Pounder, Robert Wisdom, Margaret Cho, Jamie Denton, Matt Ross, Chris Bauer, Myles Jeffrey, David McCurley, Thomas Jane
Distribuidora do DVD: Buena Vista
Avaliação: 9

Geralmente, no mundo do cinema, dar dinheiro ou abertura demais a quem está de fora do grande circuito é praticamente impossível. No caso de um diretor de ação consagrado por um estilo próprio e ansioso por fazer um trabalho em Hollywood, com todos os recursos que uma produção generosa tem a oferecer, o resultado teria tudo para ser bombástico, no mínimo. Mas também correria o risco de ser uma grande porcaria. Não é o caso de John Woo, pelo menos no início de sua carreira no ocidente. Talento importado diretamente da Ásia para o cinema mainstream norte-americano, os resultados iniciais foram O Alvo, com Jean-Claude Van Damme, e A Última Ameaça, com o então titubeante John Travolta. No entanto, o melhor do cineasta só viria com A Outra Face, cujo resultado é de encher os olhos.

O filme colocou frente a frente dois dos maiores astros na época. Sean Archer (John Travolta) é um policial marcado pelo assassinato do filho há alguns anos e obcecado em prender o terrorista Castor Troy (Nicolas cage). O nível da obsessão de Archer pode ser medido pelo fato de Troy ter sido o assassino de seu filho. Quando Troy é finalmente capturado e entra em coma, apenas seu irmão Pollux (Alessandro Nivola) pode fornecer alguma informação sobre onde eles instalaram uma bomba, prestes a explodir em alguns dias. Disposto a tudo para impedir a morte de milhares de pessoas, Archer submete-se a uma operação revolucionária que transplanta o rosto de Castor Troy na sua face e transforma-o no seu inimigo, possibilitando que ele entre na prisão onde está Pollux para extrair a informação de que necessita. No entanto, no meio do caminho, Castor sai do coma e, nada satisfeito, providencia para que receba o rosto de Archer, assumindo sua vida e eliminando toda a equipe que sabe da operação secreta do policial.

Discípulo de mestres de outrora como Sam Peckinpah, John Woo orquestra cenas de ação com uma habilidade pouco vista, utilizando a câmera lenta como ninguém em seqüências de puro impacto visual. Ele extrai o máximo de seus astros, fazendo ainda do bandido Castor Troy um dos vilões mais violentos a aportar no cinema nos últimos tempos. O toque de pura ficção científica do roteiro, por si só, rende uma esmagadora tensão do início ao fim da película. Joan Allen e Gina Gershon, também representando lados opostos da mesma moeda (e da mesma tragédia), estão muito bem em cena e sustentam a parte mais pé-no-chão do filme.

Se há uma única ressalva ao espetáculo de tiros e violência, esta está na cara limpinha com que os protagonistas sempre aparecem na tela, mesmo em meio a explosões e toneladas de cacos de vidro voando pelos ares a cada cinco minutos. Vale lembrar que este foi o filme responsável pela definitiva recuperação da carreira então minguada de John Travolta, que havia se iniciado alguns anos atrás no cultuado Pulp Fiction de Quentin Tarantino (1994). Já Nicolas Cage consolidou aqui seu reinado como astro de filmes de ação, após as pirotecnias de espetáculos como Con Air - A Rota da Fuga e A Rocha.

O triste mesmo é constatar o desleixo da distribuidora Buena Vista, ao lançar um filme deste calibre sem nenhum extra sequer.

Texto postado por Kollision em 28/Dezembro/2004