Samuel L. Jackson é Ordell Robbie, um traficante de armas de L.A. cujos rendimentos estão todos presos em algum recanto do México. Ele não hesita em eliminar aliados que estão prestes a abrir o bico para a polícia para preservar seu status quo. Quando a aeromoça Jacqueline 'Jackie' Brown (Pam Grier) é capturada pela polícia carregando 50 mil dólares de suas remessas e uma quantidade irrisória de cocaína, ele se vê forçado a retirá-la da cadeia por meio do fiador Max Cherry (Robert Forster) para então decidir o que fazer com ela. A dupla de policiais no encalço da morena (Michael Keaton e Michael Bowen), no entanto, tem planos e planos para pôr as mãos em Ordell de uma vez por todas. Do outro lado, o traficante tenta colocar as mãos no resto de sua grana com a assistência de Jackie, de uma das namoradas (Bridget Fonda) e de um chapa que acaba de sair da cadeia (Robert De Niro).
Vindo de dois filmes de franco sucesso tanto de público quanto de crítica (Cães de Aluguel e Pulp Fiction), Quentin Tarantino adapta aqui o texto de um livro do autor Elmore Leonard. Aparentemente, muito desta prosa original inspirou-o em seu trabalhos anteriores, já que o estilo de Jackie Brown não se distancia muito do que havia sido mostrado pelo diretor em seus dois primeiros filmes.
Percebe-se com facilidade o tom de nostalgia que permeia a história da aeromoça de meia-idade feita por Pam Grier, uma das estrelas dos filmes de ação negros da década de 70 e diva do nerd Tarantino. Adicionam-se a isso os diálogos rápidos e cínicos que se tornaram marca registrada do diretor, e o que resulta é um drama policial de gato e rato regado a traições e tiros (que são poucos, mas decisivos). Há muito de Pulp Fiction em Jackie Brown (os personagens poderiam habitar o mesmo mundo), mas o último diverge para uma crônica mais mundana e de proporções menos ambiciosas. O problema é que a longa duração do filme cansa o espectador com exposição desnecessária, os pontos de decisão demoram muito tempo para acontecer e um certo banho-maria se instala quando todos os personagens caem em seus respectivos moldes.
Uma das coisas mais interessantes de se ver em Jackie Brown é a figura feita por Robert De Niro, uma espécie de fracassado monossilábico, completamente imprevisível em sua quase catatonia em meio aos demais personagens da história. Soa meio triste constatar que essa figura patética detém a maior parcela de interesse do filme. Em contrapartida, Bridget Fonda faz o papel mais sexy que já vi da moça em qualquer trabalho no cinema. No geral, o desempenho de todo o elenco é bom. Resgatada de um ostracismo intransponível, infelizmente Pam Grier não conseguiu repetir o feito de Samuel L. Jackson. Após passar por resgate semelhante em Pulp Fiction, Jackson conseguiu se manter sob os holofotes e só viu sua fama aumentar de lá para cá.
Como extras o DVD tem notas sobre o filme, biografias do diretor e do elenco, uma entrevista sonolenta de pouco mais de 20 minutos de duração com muita rasgação de seda entre Tarantino e Robert De Niro, trailer da produção e os trailers de Sibéria, Sem Limites e Drácula 2000.
Texto postado por Kollision em 29/Dezembro/2005