Cinema

O Amor Custa Caro

O Amor Custa Caro
Título original: Intolerable Cruelty
Ano: 2003
País: Estados Unidos
Duração: 100 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Joel Coen (Matadores de Velhinhas,   Paris, Te Amo,   Onde os Fracos Não Têm Vez)
Trilha Sonora: Carter Burwell (O Álamo, Kinsey - Vamos Falar de Sexo, A Pele)
Elenco: George Clooney, Catherine Zeta-Jones, Edward Herrmann, Cedric the Entertainer, Billy Bob Thornton, Geoffrey Rush, Paul Adelstein, Richard Jenkins, Julia Duffy, Jonathan Hadary, Tom Aldredge, Stacey Travis, Jack Kyle, Irwin Keyes, Judith Drake, Wendle Josepher
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 7

O Amor Custa Caro destoa um pouco do resto da filmografia dos irmãos Coen (Joel, o diretor, e Ethan, o produtor) por ser decididamente uma comédia. O elemento cômico, claro, também aparece em muitos outros filmes deles, mas nunca a ponto de fazer com que eles sejam classificados com pura e simples "comédia". Extremamente respeitados por conceber obras independentes que se situam à margem do cinema mainstream, os Coen dão neste filme uma palhinha do que são capazes de produzir quando contratados para filmar um trabalho declaradamente comercial, a partir de um roteiro escrito pelos próprios anos antes da produção propriamente dita.

Miles Massey (George Clooney) é um advogado especializado em divórcios praticamente imbatível em sua área. Coitado do cônjuge que se sentar no lado oposto da mesa que o tem como um dos representantes legais. Sua vida muda radicalmente quando ele se encarrega de proteger o marido serelepe da estonteante Marylin Rexroth (Catherine Zeta-Jones), uma morena fatal com um charme matador. Atingido em cheio pelo bombardeio de beleza, Massey arria as quatro rodas pela moça, e vai lentamente deixando todos os protocolos e todas as precauções de lado ao perseguir a mulher que ele agora quer levar ao altar. Mesmo que ela seja uma aproveitadora que coleciona maridos para depois extorquir-lhes a fortuna, algo com o qual ele acredita saber lidar com um pé nas costas.

Arquétipos do homem e da mulher perfeitos, maduros e de classe, Clooney e Zeta-Jones dão ao filme a carga de charme necessária para fazê-lo funcionar, pelo menos como uma alegoria moderna da eterna guerra dos sexos. Ao contrário de Brad Pitt e Angelina Jolie, outro casal que simboliza a perfeição física e cuja química chegou a ultrapassar as barreiras da ficção, o apelo dos protagonistas de O Amor Custa Caro vai além dos hormônios em ebulição e da esfera descartável de filmes como Sr. e Sra. Smith (Doug Liman, 2005) para apresentar um embate mais subliminar, dissimulado, classudo, ainda que o enfoque central seja a comédia. Dos Coen, claro, isso não deve ser esquecido em nenhum momento, portanto pode-se esperar inesperados lances de cunho ligeiramente bizarro.

Fica claro já na metade da película que quem domina o filme é George Clooney, graças ao retrato mais humano que é dado ao seu personagem. Do alto de sua pompa e de sua tão alardeada experiência, somos testemunhas da queda de um homem que acredita estar no controle da situação, mas se vê completamente perdido diante do furacão chamado Catherine Zeta-Jones. Ela é uma viúva-negra cujo leque de sentimentos jamais é completamente aberto à platéia, e isso é algo que poderia ter sido mais trabalhado no filme. Assim, a fascinação que um sente pelo outro não ganha o mesmo peso dos dois lados. E, em meio à batalha núpcia-judicial entre os sexos, soa como um assombro a quantidade de caras e bocas que Gorge Clooney é capaz de fazer. Às vezes ele extrapola um pouco, mas dá para se perdoar os excessos dentro do contexto do filme. O bônus fica por conta das participações pontuais e bacanas de Geoffrey Rush, Billy Bob Thornton, Edward Herrman e do hilário Cedric the Entertainer.

No pacote de extras há um making-of básico de 12 minutos, um especial de 5 minutos sobre os figurinos do filme e quatro cenas excluídas/estendidas.

Texto postado por Kollision em 19/Junho/2006