Pode não parecer, mas o ritmo moderninho deste filme acoberta a refilmagem de um longa dirigido pelo próprio Dick Maas em 1983, intitulado De Lift, quando ele ainda possuía carreira nacional em seu país de origem, a Holanda. A história é basicamente a mesma, uma espécie de pastiche que tenta fazer com os elevadores o mesmo que Psicose (Alfred Hitchcock, 1960) fez com os chuveiros, ou o que o mais recente Revelação (Robert Zemeckis, 2000) conseguiu fazer com banheiras. O maior atrativo da película, no entanto, é a presença em seu elenco de Naomi Watts, que foi alçada aos céus de Hollywood no mesmo ano de lançamento deste filme, só que graças à exposição propiciada pelo fenomenal Cidade dos Sonhos, de David Lynch.
A história: após uma terrível noite de tempestade o imponente edifício Millenium, localizado em Nova York, tem uma pane elétrica que provoca algum tipo de anomalia no funcionamento de seus três elevadores mais rápidos. Operação errática, movimentação não comandada, portas que abrem e fecham quando querem e transeuntes presos dentro dos elevadores são somente algumas das disfunções, até que a primeira vítima aparece dependurada num dos fossos. Entram em cena os mecânicos Mark (James Marshall) e Jeffrey (Eric Thal), que tentam verificar e corrigir o problema. Mark é o único que parece compreender o que está acontecendo e, com a ajuda de uma repórter enxerida (Naomi Watts), ele tenta decifrar o mistério por trás do inexplicável comportamento dos elevadores, cada vez mais sedentos pelo sangue de seus pobres passageiros.
A despeito do ridículo que transparece em qualquer sinopse que se tente redigir sobre este filme, o roteiro tenta justificá-lo sob um ponto de vista científico, por incrível que pareça. Surpreendentemente, o longa é razoavelmente ágil e entrega um grau mínimo de entretenimento, com uma fotografia urbana típica dos mais ordinários produtos norte-americanos, num trabalho dotado de uma sensata e bem-acabada dose de gore. Pelo menos uma ou duas mortes são bem criativas, isso é verdade, o que atesta a aura de filme "B" que O Elevador da Morte possui em sua essência. Há várias gracinhas referenciais espalhadas ao longo da história, umas menos explícitas e outras mais. Parece até que o diretor é meio fã de Os Caça-Fantasmas (Ivan Reitman, 1984), como comprovam as estátuas dos cachorrões que adornam o fictício arranha-céu do filme ou o quase-sósia do nerd Egon Spengler, que vive tentando pegar a loira Naomi Watts.
Infelizmente, o longa desaba sobre sua própria pretensão na seqüência final, extremamente exagerada e deveras risível quando resolve se passar por filme de ação. O nível de atuação do elenco varia bastante, mas a presença de medalhões de filmes B do gênero, como Michael Ironside, Ron Pearlman e Edward Herrmann, ajuda a conferir um mínimo de dignidade à película. O longa consegue se manter na média graças à presença de Naomi Watts, que tem relativamente pouco tempo em cena, e ao carisma latente do protagonista James Marshall, uma espécie de clone de Christian Slater.
Os únicos extras do DVD consistem numa coletânea de trailers bastante distintos: Heróis de Guerra, Sociedade do Crime, Missão Quase Impossível, Honra e Liberdade, Fuga sobre Rodas, Feras do Asfalto, Ultimate Force, a mini-série The Blues - Sete Filmes e os documentários Fifa Futebol, As Séries Olímpicas e Heavy metal - Louder than Life.
Texto postado por Kollision em 30/Maio/2006