Cinema

O Dia Depois de Amanhã

O Dia Depois de Amanhã
Título original: The Day After Tomorrow
Ano: 2004
País: Estados Unidos
Duração: 129 min.
Gênero: Ficção Científica
Diretor: Roland Emmerich (10.000 A.C., 2012, Anônimo)
Trilha Sonora: Harald Kloser (Marlene, Alien vs. Predador)
Elenco: Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Ian Holm, Emmy Rossum, Sela Ward, Arjay Smith, Tamlyn Tomita, Austin Nichols, Tim Bagley, Christopher Britton
Distribuidora do DVD: Fox
Avaliação: 6

Roland Emmerich, o diretor de O Dia Depois de Amanhã, tornou-se hoje o que Irwin Allen foi para o cinema nos anos 70: o diretor dos filmes-catástrofe. Não há como negar, comparando as filmografias de ambos. Foi Emmerich quem cometeu o sucesso Independence Day e ressuscitou o monstro Godzilla para a platéia ocidental, e neste filme é ele quem se atreve a mostrar um espetáculo de destruição onde o causador da catástrofe é ninguém menos que o próprio homem.

Como não é possível colocar duas horas ininterruptas de destruição na tela, Emmerich tratou de inserir na trama um relacionamento familiar entre o climatologista que prevê a catástrofe (Dennis Quaid) e seu filho (Jake Gyllenhaal). Quando a catástrofe tem início, apesar de todos os alertas do cientista junto ao governo americano, o rapaz se vê preso em Manhattan, o centro populacional convertido no principal alvo da natureza. E é para lá que o cientista ruma, na esperança de encontrá-lo, mesmo com todos os perigos da nevasca congelante que tomou conta do continente.

Os fatídicos e esperados clichês estão todos lá. A batalha de um homem só contra a ignorância do sistema, a superação heróica em momentos de extrema crise e a beleza plástica da destruição generalizada, enriquecida por efeitos especiais espetaculares. Não dá para espernear muito contra isso e, uma vez relevados certos trechos de diálogo bastante infantilóides, as tomadas de destruição em larga escala fazem o filme valer a pena. Alguns pontos interessantes, no entanto, estão reservados ao espectador, como o dilema do governo norte-americano ao ver seu império destruído da noite para o dia e tendo que contar com o auxílio dos países de terceiro mundo para superar a crise. Apesar disso, o impacto dos eventos cataclísmicos sobre a população não é aprofundado, seja ele social ou religiosamente, como ocorreria num desastre de tamanho vulto.

O roteiro também limita-se a documentar a devastação no hemisfério norte, concentrando o foco sobre os Estados Unidos. Compreensível, já que o cerne história cada vez mais pende para o reencontro entre pai e filho, isso sem considerar as restrições de orçamento que não possibilitaram, por exemplo, a destruição espetacular que poderia estar reservada à torre Eiffel. Na Europa e na Ásia o impacto da tragédia é simplesmente ignorado na segunda parte do filme. Infelizmente, este é exatamente o ponto que a obra de Emmerich mais decepciona: assim que a destruição está estabelecida e o povo começa a lamber as feridas, o ritmo da história cai, permanecendo em banho-maria até o seu final. A trilha sonora é ambiciosa e ajuda a estabelecer o clima grandioso proposto pelo filme, colaborando para elevá-lo a um status de diversão escapista razoável, mas que que não deve ser assistida com muita expectativa.

A edição em DVD simples lançada pela Fox para locação não traz nenhum extra sequer.

Texto postado por Kollision em 10/Junho/2004 - Revisto em 2/Março/2006