Cinema

Além da Eternidade

Além da Eternidade
Título original: Always
Ano: 1989
País: Estados Unidos
Duração: 122 min.
Gênero: Drama
Diretor: Steven Spielberg (Hook - A Volta do Capitão Gancho, Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros, A Lista de Schindler)
Trilha Sonora: John Williams (Esqueceram de Mim, Star Wars Episódio I - A Ameaça Fantasma)
Elenco: Richard Dreyfuss, Holly Hunter, Brad Johnson, John Goodman, Audrey Hepburn, Roberts Blossom, Marg Helgenberger, Keith David, Ed Van Nuys, Dale Dye, Brian Haley, James Lashly, Michael Steve Jones
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 6

Obra menor de Steven Spielberg, Além da Eternidade é um romance de fundo espírita ao estilo de similares mais famosos como Ghost - Do Outro Lado da Vida, dirigido por Jerry Zucker e lançado no ano seguinte. Apesar de parecer na época, a idéia não era necessariamente nova. A obra é uma refilmagem de Dois no Céu (Victor Fleming, 1943), com a ambientação alterada de uma base militar na Segunda Guerra Mundial para uma instalação de bombeiros que combatem incêndios florestais. Como era de se esperar, o toque sentimental de Spielberg está bastante presente neste filme, que não chega a atingir todo o seu potencial graças principalmente a algumas escolhas equivocadas do elenco.

O piloto Pete (Richard Dreyfuss) é ousado, heróico e abusado em suas manobras sobre os incêndios florestais que sua unidade combate na base da Califórnia. Sua namorada Dorinda (Holly Hunter), também piloto e integrante da mesma equipe que ele, torce para que Pete deixe de arriscar a vida para assumir um posto de instrutor no Colorado. A tragédia vem quando, num último vôo, Pete faz uma manobra arriscada para salvar a vida do melhor amigo Al (John Goodman), encontrando a morte quando seu avião explode em pleno ar. Surpreendido por uma visitante celestial (Audrey Hepburn), seu espírito retorna à Terra para atuar como anjo da guarda e "inspirador" do piloto novato Ted (Brad Johnson), que se encanta por Dorinda da mesma forma que ele quando em vida.

Se o início do filme fosse um pouco mais bem acabado, talvez seu resultado não seria abaixo da expectativa para um tema tão propício a um cineasta como Steven Spielberg. Esta obra pode muito bem representar o motivo do diretor não ter mais se aventurado em histórias do tipo, cujo apelo junto às massas é praticamente garantido. A história de amor que rompe as fronteiras da vida e da morte, neste caso, não é tão dramática quanto a de Ghost, e neste ponto há de se admitir que o filme de Spielberg não faz concessões fáceis, apesar de momentos que beiram um excesso de sentimentalismo que foge do contexto. Isso ocorre, em parte, porque não existe uma caracterização forte o suficiente da paixão que deveria varrer o coração do personagem de Richard Dreyfuss. O que é uma pena, uma vez que o ator esbanja carisma como sempre mas não consegue, sozinho, dar credibilidade suficiente à "passagem do bastão" do objeto de sua eterna afeição para os braços de outro homem.

Os nós fracos do triângulo amoroso são, portanto, a mirrada Holly Hunter e o tal de Brad (quem?) Johnson. Jamais consegui gostar de Hunter como atriz, já que ela não se sobressai como deveria, e nem mesmo chega a ser bonita o suficiente para um papel como este. Já Brad Johnson é tão expressivo quanto um cupinzeiro perdido no meio de um pasto seco. Onde é que foram arranjar esse cara? E pensar que Tom Cruise recusou o papel... Talvez a inexpressividade de Johnson possa explicar o final meio forçado da história, que definitivamente teria rendido muito mais se tivesse se valido de um elenco mais carismático. A salvação é que, ao longo do filme, há várias passagens dignas da boa mão de Spielberg. A canção Smoke Gets in your Eyes, dos Platters, também é uma memória vívida trazida de volta graças à película. E, para deixar saudades, não se pode deixar de mencionar a delicada última participação da estrela Audrey Hepburn num trabalho de cinema.

Os extras do DVD se resumem a dois trailers do filme, notas de produção e biografias de Richard Dreyfuss, Holly Hunter, John Goodman, Audrey Hepburn e Steven Spielberg.

Texto postado por Kollision em 9/Agosto/2006