Arquivos de Posts

De como consegui uma fatia a mais de inspiração para começar 2009 - Parte 2

Don Drácula e sua adorável filhinha Sangria

O trecho acima é a primeira fala do impagável Don Drácula, o vampiro que se mudou para o Japão para sugar o sangue de garotas bonitas no anime homônimo, um clássico que viu a luz do dia em 1982, no Japão, e teve uma duração ridícula de somente 8 episódios. Hoje o desenho é cult, mas seu humor imbatível e muito à frente de seu tempo é fantástico. Na dublagem brasileira, sempre que Drácula diz "Não tenha meeeedo!" eu caio na gargalhada.

O desenho é baseado num mangá de Ozamu Tezuka, um dos papas desta arte. Mazelas do destino selaram o fim da série, que não fez sucesso em sua versão impressa e foi vítima da falência da produtora em sua versão televisiva. Exibido nos anos 80 pela TV Manchete no Brasil, o desenho teve a sorte de contar com um ótimo trabalho de dublagem, incluindo aí uma trilha sonora de abertura que coloca a original no chinelo (veja o vídeo mais abaixo, cujo tamanho foi reduzido para mascarar a qualidade porca da transposição do Youtube).

O personagem principal é o conde, um vampiro afobado e atrapalhado que só quer saber de sugar o sangue de mulheres bonitas. Ele nunca consegue porque é um incompetente. Quem o ajuda sempre é sua filha Sangria, um doce de garota que só quer levar uma vida normal com gente de sua idade. Perseguindo o conde está o caçador de vampiros Helsing, que sofre de pregas soltas e vive se ferrando na hora errada por causa de suas hemorroidas. Os Drácula têm como ajudante Igor, o arquétipo do serviçal fiel e meio bobo. E há ainda Blonda, uma gorda asquerosa apaixonada por Don Drácula que vive correndo atrás do coitado para que ele sugue seu sangue (mais ou menos como a Felícia/Elmyra de Tiny Toon).

Por vezes extremamente engraçado, Don Drácula primava por incluir em suas histórias elementos de horror que não existiam em desenhos infantis. Quem foi criança na época e teve a sorte de ser exposto ao desenho sabe como foi. O que dizer do momento em que um espírito rancoroso e assassino quase mata Sangria num casarão abandonado e Drácula aparece para salvá-la, enquanto o sol nasce do lado de fora? E quando Helsing largou um barro no caixão de Don Drácula e o vampiro o obrigou a limpá-lo e desinfetá-lo sob o sol? Sim, é isso mesmo que você leu! Momentos dramáticos também aconteciam, sendo um dos mais traumáticos o episódio em que um panda e um filhote de tigre são assassinados por caçadores.

Recorte do mangá original de Don Drácula, mostrando o conde e seu ajudante Igor

Em minha vida adulta, encontrei somente uma pessoa próxima a mim que curtia o desenho, um cara que fez um curso de webdesign comigo há bastante tempo. Ninguém mais que era próximo se lembrava, mas basta fazer uma pesquisa rápida no Google para ver quanta gente guarda o desenho com carinho na memória.

Como eu consegui uns DVDs com todos os 8 episódios, Don Drácula foi uma das minhas diversões de fim de ano. Mesmo com o áudio não estando 100%, poder assistir a um clássico como Don Drácula depois de tantos anos é revigorante. Fico a pensar quando alguma distribuidora vai dar o tratamento que esta pérola esquecida merece, com uma edição em DVD decente cheia de extras. Para quem quer conhecer, saibam que existem downloads de todos os episódios flutuando na Internet.

Curtam aí a abertura, talvez os mais velhos se lembrem!

Texto postado por Kollision em 10 de Janeiro de 2009