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Diário de Férias 2006 - Aventuras na Europa

O roteiro original foi seguido quase à risca. Fizemos uma mudança de planos no final e decidimos não passar nenhuma noite na Suíça (fica pra próxima) para aproveitar um dia a mais em Milão e um dia a mais em Paris.

Nem a Hérika nem eu somos os melhores fotógrafos, mas o diário vem acompanhado de algumas imagens do percurso, em mais um capítulo de descobrimento desse mundão maravilhoso que, acredito, deveria ser conhecido sem medo por todos que tiverem a chance.

Vamos aos relatos!

20/Setembro - Quarta-feira - SÃO PAULO

Como se não bastasse ter que acordar às 2 da manhã para pegar o vôo inicial, houve um atraso de mais de quatro horas na saída do vôo da Alitalia do aeroporto de Guarulhos. Para passar o tempo, fomos ao Shopping Internacional conferir o filme A Casa do Lago, e nem preciso mencionar que uma certa pessoa dormiu durante toda a projeção para recuperar o sono perdido no avião...

Hagrid feito de Lego no aeroporto de Milão

Hagrid feito de Lego no aeroporto de Milão

Nota sobre Guarulhos: estava insuportável a quantidade de pedintes, moleques, ambulantes e surdos-mudos atormentando as pessoas e vendendo quinquilharias dentro do aeroporto. Alguma coisa muito errada deve estar acontecendo, nunca tinha visto esse negócio lá antes!


21/Setembro - Quinta-feira - PARIS

Graças ao atraso em Guarulhos e ao trecho intermediário em Milão, chegamos arrebentados às 17h15 ao Stanislas Hotel em Paris (Rue du Montparnasse, 5), após pegarmos um trem do RER e dois trechos pequenos de metrô por 8,10 €, uma pechincha considerando a distância em relação ao aeroporto Charles de Gaulle.

Nos instalamos e conseguimos arranjar coragem para caminhar através da Raspail Blvd até o Sena, visitar o Musée d'Orsay e jantar num café em St. Germain. Apesar de não ser tão famoso quanto o Louvre, o museu deu uma canseira considerável devido ao nosso estado já deplorável pela falta de sono da viagem (Cézanne, Monet, as mais variadas esculturas). No jantar, caímos na armadilha de pagar 4,80 € por uma coca de garrafa pequena num dos cafés de St. Germain! Que tal isso para uma extravagância inicial em Paris? E para nos fazer bem mais seletivos em nossas próximas escolhas de cafés?

Momento Relax no Musée d'Orsay

Momento relax no Musée d'Orsay


22/Setembro - Sexta-feira - PARIS

Rota básica de bate-perna: Torre Eiffel, Les Invalides, Arco do Triunfo, Palace de la Concorde e Jardin de Tuileries. Entrementes, perdi o mapinha que havia pegado no aeroporto enquanto perambulava pela Galeria Lafayette do Montparnasse. Foi até bom, porque então compramos um ótimo mapa de Paris numa livraria local, acompanhado dos mapas rodoviários de nossa futura aventura dirigindo por 8 países. Tomamos um pouco de chuva depois de sair do Musée de l'Armée e tivemos que comprar dois guarda-chuvas, subimos até o último piso da Torre Eiffel num vento cortante de frio e almoçamos num restaurante até barato na Champs-Elysées, depois de sofrer por alguns minutos e finalmente achar um funcionário do restaurante que falasse inglês!

A andança foi considerável, e só foi quando chegamos de volta ao hotel que percebemos o quanto estávamos cansados. Tão quebrados que nem foi possível sair à noite para ir a um dos restaurantes que havíamos selecionado no guia.


23/Setembro - Sábado - PARIS

Saímos do hotel às 9h30 para tomar café da manhã no Jardin du Luxemburg e conhecer o local. No caminho para a catedral de Nôtre-Dame passamos por uma loja de HQs simplesmente animal, uma tal de Album, mas não comprei nada porque tive a certeza de que passaríamos por outra igual em algum ponto do resto da viagem... Já em Nôtre-Dame, entramos na igreja, ficamos bem no caminho do padre na hora em que ele entrou para rezar a missa e então seguimos a peregrinação do dia até o Musée du Louvre. É claro que não foi possível ver todos os andares do museu, mas os principais nós vimos: a Monalisa de Leonardo da Vinci (tentamos tirar uma foto escondidos mas tinha muuuuita gente na sala, não deu), a Vênus de Milo (esculturazinha mixuruca perto de muitas outras lá), a ala egípcia e as esculturas mais legais.

Fazendo uma graça dentro do Musée du Louvre

Fazendo uma graça dentro do Musée du Louvre

A canseira não permitiu que continuássemos a romaria somente a pé. Tomamos o metrô até Porte de Clignancourt para ir ao mercado das pulgas de St. Ouen, onde estive uma vez em minha breve estadia de 2003. Compramos os óbvios souvenirs, CDs baratos e roupitchas para levar de lembrança para a galera. Na volta, muitas escadarias até chegarmos à Igreja de Sacré Cœur, que tem uma vista simplesmente absurda de linda do centro de Paris. Dois malas de Senegal conseguiram nos parar e fizeram umas pulseirinhas pra gente, querendo cobrar 20 € por cada achando que viajante brasileiro é burro como turista americano! Os caras só levaram umas moedinhas e 5 centavos de real de recordação do país de Ronaldo.

Dessa vez a chuva só apareceu quando saímos de volta do metrô na estação Notre-Dame des Champs, que ficava praticamente do lado do nosso hotel.


24/Setembro - Domingo - PARIS/BRUXELAS

Após acordarmos às 7h00 nos despedimos do velhinho mala do Stanislas Hotel e rumamos para o terminal 2 do aeroporto Charles de Gaulle via metrô e RER. E eis uma dica para quem pode vir depois: o sistema de metrô de Paris é ótimo, desde que você não esteja carregando uma mala de 30 quilos, uma vez que nas conexões das estações é comum você pegar 5, até 7 lances de escada acima e abaixo... Já no aeroporto, a mulher da Hertz queria nos enfiar mais um seguro adicional do carro alugado por € 377, e acho que ela não gostou muito da minha cara e da minha reação na hora.

Manneken Pis - Bruxelas

Manneken Pis - Bruxelas

O carro era um Chevrolet Meriva, de câmbio manual, bastante confortável e silencioso. Pegamos a estrada e fomos nos acostumando com a simbologia dos mapas rodoviários (que GPS que nada, o negócio aqui é na raça!). Incrível como, 2 horas depois, já estávamos em Bruxelas, a capital de outro país, uma nação que fala tanto francês quanto holandês (não alemão, como eu havia pensado). Na chegada da cidade pegamos a via correta, a R0, só que para o lado errado! Ao invés de ir no sentido oeste, fomos no sentido sul. Zanzamos por uma meia hora até parar e pedir informação num hotel. Gostamos do que vimos e resolvemos ficar no local (Brussels Hotel – Av. Louise, 315, B-1050), apesar do preço um pouco maior do que estávamos esperando conseguir. E também para compensar um pouco o ovo que foi o hotel de Paris!

Bruxelas mostrou-se bastante agradável, apesar da chuva inicial que ameaçou atrapalhar nosso coreto. Rumamos através da av. Louise em direção ao centro e à vista inicial da cidade baixa. Depois fomos ao Place du Grand/Petit Sablon (e compramos um mapinha numa banca), o palácio real, o parque Warande de Bruxelas, o museu do Banco Nacional da Bélgica, a belíssima catedral de Sts-Michel et Gudule (mais bonita e impressionante que a Nôtre-Dame), e a área da galeria St. Hubert, onde mais uma vez fomos assaltados por um restaurante local. Depois, a obrigatória parada para comprar chocolate belga, duas bolas de sorvete Häagen-Dazs, souvenirs, um vislumbre noturno da Grand Place e uma visita à esquina onde está o popular Manneken Pis, que não passa de uma escultura pequena de um moleque fazendo xixi.

No Atomium, em Bruxelas

No Atomium, em Bruxelas

E é claro que voltamos de metrô para o hotel!


25/Setembro - Segunda-feira - BRUXELAS/AMSTERDAM

Primeiro um lauto café da manhã, e depois uma aventura dirigindo pelo centrão de Bruxelas em pleno rush da manhã de segunda-feira, tudo para chegar ao famoso Atomium, na parte norte da cidade. Foi difícil mas extremamente recompensador. De quebra, acho que pegamos a maior escada rolante das nossas vidas ao subir de uma bolota a outra da estrutura!

Logo depois iniciamos a viagem para Amsterdam. Não demoramos para aprender que é bom evitar entrar nas áreas urbanas das cidades intermediárias: ficamos meia hora perdidos dentro de Antuérpia, e para voltar para a rodovia correta tivemos que pagar um pedágio não programado de 5 euros. Felizmente, encontrar a região do hotel que havíamos escolhido foi uma moleza, muito embora acabamos ficando em outro mais próximo e um pouco mais barato (Hotel Wilhelmina – Koninginneweg 167, 1075).

Bem, neste primeiro dia na cidade baixa, saímos logo para um passeio no Vondelpark, que fica praticamente ao lado do hotel, e para fazer ligações com mensagens de "continuamos vivos" para casa. Depois de descansar um pouco e tomar um banho, saímos à noite e fomos à região do Leidsestraat, a área turística dos cafés onde são vendidas ervas e cogumelos de todo o tipo, até nas vitrines das lojas. A variedade de restaurantes para escolher é simplesmente enorme!


Hérika apresentando as bicicletas alugadas de Amsterdam

Hérika apresentando as bicicletas alugadas de Amsterdam

26/Setembro - Terça-feira - AMSTERDAM

Novamente o dia amanheceu nublado, o que no final das contas em nenhum momento acabou se convertendo em chuva (ainda bem!). Como o museu Van Gogh era a atração mais próxima ao hotel, lá fomos nós para ele primeiro. Umas boas duas horas depois rumamos em direção ao centro para alugar duas bicicletas e conhecer a cidade pedalando!

Almoçamos nas proximidades da estação central, logo depois de fazermos uma visita ao Sex Museum de Amsterdam, que meio que sintetiza a atmosfera que chega até mesmo aos souvenirs de sacanagem vendidos por tudo quanto é lado da cidade. Continuamos o passeio através do centro e, entre outras paradas, descemos para conferir um mercado de pulgas onde infelizmente não aceitavam nenhum cartão de crédito. Seguimos até uma uma área de turistas para comprar a cota de lembrancinhas holandesas e passear pelo distrito da luz vermelha, o tão famoso canal onde as prostitutas se mostram em vitrines avermelhadas para as pessoas que passam na rua.

Uma criança grande perdida dentro do Nemo, em Amsterdam

Uma criança grande perdida dentro do Nemo, em Amsterdam

Depois de devolver as bicicletas batemos perna seguindo a linha 2 do metrô até o Vondelpark, e infelizmente nos certificamos de que o Film Museum não tem programação fixa... Uma pena, eu estava tão animado para conhecer o lugar!


27/Setembro - Quarta-feira - AMSTERDAM/DÜSSELDORF

A parada principal da manhã foi o museu/parque de exposição científica Nemo. Assim, não demoramos nada para logo sairmos procurando Nemo. Taí um lugar danado de bom para o povo aprender conceitos de física, o troço parece mais uma feira de ciências gigante. Tem até uma seção de educação sexual para as crianças que é bastante, digamos, chocantemente liberal.

Com os sempre calorosos Oswalds em Düsseldorf

Com os sempre calorosos Oswalds em Düsseldorf

Voltando ao hotel, partimos com o carro para Düsseldorf, cidade onde passei 3 semanas em 2003 num programa de aulas de alemão da Sprachcaffe, hospedado numa casa de família. Logo, foi moleza arranjar um hotel nas redondezas de sopetão (Frankenheim Hotel – Rather Kreuzweg 76, 40472). Visitamos Detlef e Conny em sua casa na Habichtstraße em Mörsenbroich, e eles nos receberam com o mesmo entusiasmo que sempre os marcou enquanto estive em sua companhia.

Já anoitecendo, fizemos a feira numa Galeria Kaufhof (raquete de tênis, bolsas, raqueteiras super incrementadas por somente 25 €, etc.), passeamos pela Altstadt à margem do Reno e jantamos comida italiana. Pegamos o Straßenbahn no sentido errado na volta para casa, o que prolongou ainda mais nossa vista noturna de uma cidade que eu já posso dizer que conheço um pouco mais (apesar deste último deslize com o bondinho).


Alter Kranen - Em Würzburg

Alter Kranen - Em Würzburg

28/Setembro - Quinta-feira - DÜSSELDORF/WÜRZBURG

Serviço nota dez o de Frau Kistner no café da manhã do Frankenheim. Depois de comermos como nunca no melhor Frühstück de toda a viagem, zarpamos rumo a Würzburg, a cidade de entrada da rota romântica da Alemanha.

Como este foi o trecho mais longo, acabamos chegando ao Hotel Haus Franken (Berner Straße 1, 97084) por volta das 15h30. O preço estava idêntico ao que eu havia olhado na Internet, só o lugar é que foi uma surpresa, pois ele funciona ao lado (meio que conjugado) com um asilo de velhinhos.

Antes do obrigatório passeio por Würzburg, comi um Fränkische Bratwurst mit Kartoffelsalat enquanto assistíamos a um desses palhaços de rua atormentar as pessoas, fazer balõezinhos à la o Máskara de Jim Carrey e roubar um beijo de um senhor de idade. A seguir visitamos os principais pontos do centro da cidade, passeamos pela margem do Main e por fim jantamos uns sorvetes de fruta deliciosos enquanto um cara que parecia o guru de uma seita sinistra (todo de preto e segurando um candelabro) liderava uma leva de turistas noturnos.


O "Guardião da Noite" de Rothenburg em ação

O "Guardião da Noite" de Rothenburg em ação

29/Setembro - Sexta-feira - WÜRZBURG/ROTHENBURG OB DER TAUBER

Iniciamos o trecho superior da famosa rota romântica por Tauberbischofsheim, uma cidade cujo nome mostrou-se impronunciável para a Hérika. O maior porém sobre o lugar era que os museus só abririam à tarde. Assim, seguimos sem parar por Lauda-Königshofen, onde não conseguimos ver muita coisa após procurar em vão por um lugar para estacionar. Em Bad Mergentheim visitamos o castelo da Ordem Teutônica e seu belo museu histórico. Almoçamos num café de Weikersheim (desta vez foi o Fränkische Bratwurst mit Sauerkraut und Brot) e visitamos a exposição especial de Carl Ludwig no castelo da cidade, incluindo uma visita ao incrível jardim do local e um tour "de grátis" proporcionado por uma senhora do museu que foi muito com a nossa cara.

Röttingen foi uma decepção. Em plena tarde de sexta-feira, a cidade parecia morta, assim como Creglingen. Paramos só para andar umas duas quadras e voltar para o carro, para então desfrutar o resto do belo trecho montanhoso até Rothenburg ob der Tauber, onde passamos por várias outras cidadezinhas com aspecto de vilas-fantasma. Não havia simplesmente ninguém nas ruas!

Deixamos o carro num estacionamento de Rothenburg e exploramos a bela cidade velha a pé, antes de achar um hotel para passar a noite (Gasthof Rödertor - Ansbacher Straße 7). À noite fomos ao Markplatz para nos juntar à trupe que acompanharia o Night Watchman pelo passeio histórico através do centro. Muito bacana, foi então que descobrimos para que serve o gancho que existe em praticamente todas as casas antigas das cidades européias e quem era e o que fazia o encapuzado que vimos em Würzburg no dia anterior...


30/Setembro - Sábado - ROTHENBURG OB DER TAUBER/PRAGA

Na muralha de Rothenburg ob der Tauber

Na muralha de Rothenburg ob der Tauber

A primeira atividade do dia foi percorrer as muralhas do lado sul da cidade, apreciando as vistas das casas, vendo os nomes dos que colaboraram para a reconstrução de Rothenburg na parede e andando pelas masmorras que lembram o castelo de Greyscow. Conhecemos um casal de viajantes americanos e percorremos parte da cidade em sua companhia, visitamos o Kriminalmuseum, ou museu da tortura, adentramos o infindável labirinto da loja de artigos de Natal, realmente impressionante (e cara), e compramos os obrigatórios souvenirs da bela Rothenburg ob der Tauber.

Às 12h30 iniciamos a viagem para Praga, na República Tcheca, e este foi o primeiro trecho de toda a viagem em que pegamos chuva. Antes de sair da Alemanha paramos para abastecer o carro numa cidadezinha morta chamada Waidhaus e, após mostrarmos os passaportes aos guardas da fronteira, trocamos 90 € pelo valor equivalente em coroas tchecas. Na chegada da cidade, para variar, passamos do ponto de entrada e nos perdemos de novo. Nada que uma parada num posto, a compra de um mapa da cidade e um pouco de paciência não pudessem corrigir. O hotel que havíamos escolhido estava lotado, então nos instalamos numa indicação do mesmo, também com preço justo, boas instalações e ótima localização (Holiday Home – Americká 37, Prague 2).

Passeio em Praga - Ao fundo, a Ponte Carlos

Passeio em Praga - Ao fundo, a Ponte Carlos

Como curiosidade no jantar, arriscamos o menu de um restaurante tcheco-mexicano próximo ao hotel, e experimentamos a famosa cerveja nacional originalmente criada e feita em Plzen. Só que ninguém poderia imaginar que estaríamos fazendo isso ao som de Calypso! Pode um negócio desses? Será que o pessoal da banda sabe que eles são tocados aqui do outro lado do mundo?


1/Outubro - Domingo - PRAGA

A chuva não deu muita trégua nesta manhã de Domingo, enquanto atravessamos a região de Praga 2 até a famosa praça Venceslau, um tipo de avenida Champs-Elysées da cidade. Passamos pelos principais monumentos do caminho e até mesmo por uma corrida de ciclistas para chegar à Ponte Carlos.

Praga - Praça Venceslau à noite

Praga - Praça Venceslau à noite

Subimos na torre sul da ponte para ter uma visão diferenciada de Praga 1 e das redondezas. Logo depois retornamos pela margem do rio, compramos souvenirs e, no final da tarde, alugamos um bycicle-boat para ficarmos à toa e dar uma volta ao redor da ilha de Střelecký Ostrov.

À noite voltamos à praça Venceslau para ir até a boate Duplex, que infelizmente estava fechada. Experimentamos então o típico baguncinha de Praga, que por 65 Kč cada vem com um refrigerante de 300ml, uma pechincha de pouco mais de 2 €!


2/Outubro - Segunda-feira - PRAGA

Direto da estação Náměstí Míru para a estação Hradčanská de metrô, com dois lances de escada rolante que quase chegam ao nível da gigantesca escada do Atomium em Bruxelas! Passamos o resto da manhã e boa parte da tarde visitando TUDO dentro do castelo de Praga: a igreja de São Vito, as várias exposições de arte nos museus, o palácio real e a tal viela dourada, onde são vendidas armaduras de cavaleiros medievais. Subimos a escadaria de quase 300 degraus da masmorra da igreja, mas o sofrimento foi recompensado com uma das mais belas vistas da cidade.

No imponente Castelo de Praga

No imponente Castelo de Praga

Depois de descermos a ladeira e não conseguirmos visitar o cemitério judeu nem o museu judeu, que estavam fechados devido a um feriado judeu, reabastecemos as energias com chocolate quente e café na praça Malé Náměstí. A parada final foi o museu do comunismo, que é muito bacana, e fica meio escondido no final da praça Venceslau.

O dia não teve sol, e até choveu um pouco no final da tarde. No jantar, conseguimos gastar quase tudo o que tínhamos em coroas tchecas numa ótima refeição improvisada. Sobrou somente 1.50 Kč, o que não vale nada e volta para casa como souvenir...


3/Outubro - Terça-feira - PRAGA/SALZBURG

Saindo de Praga, tomamos a via secundária E3 em direção ao sul da República Tcheca. A despeito da lentidão devido ao tráfego de algumas carretas (pista única de mão dupla), algumas surpresas aliviaram o longo tempo preso na estrada. Entre eles estavam um shopping center próximo à cidadezinha de Skoronice inusitadamente chamado Credo e o trecho já próximo à fronteira com a Áustria, que lembra bastante a rota romântica da Alemanha.

Shopping Center CREDO, no sul da República Tcheca

Shopping Center "Credo", no sul da República Tcheca

Já em Salzburg, conseguimos encontrar um ótimo hotel com estacionamento (Hotel Ganslhof – Vogelweiderstraße 6). O passeio de final de tarde serviu para dar-nos uma overdose de Mozart, uma vez que tudo o que existe em Salzburg gira sobre a figura do famoso compositor: propaganda, cartazes, concertos, museus, camisetas, chocolates, hotéis, souvenirs. Andamos pelos principais pontos da cidade velha e fizemos alguns planos de cunho cinematográfico para o dia seguinte, antes de nos aventurarmos num restaurante chinês para encerrar a noite.


4/Outubro - Quarta-feira - SALZBURG/MILÃO

Num dos dias mais frios destas férias embarcamos no nosso primeiro passeio de turistas propriamente dito. Só que este teve uma motivação especial, claro! Trata-se do passeio pelos locais onde foi filmado o clássico musical A Noviça Rebelde (Robert Wise, 1965). Incluída no roteiro estava a bela cidadezinha de Mondsee, que terminou sendo uma ótima parada não programada. Só foi muito tempo mais tarde que consegui tirar as músicas do filme da cabeça!

Num dos jardins da Noviça Rebelde

Num dos jardins da Noviça Rebelde

Deixamos Salzburg por volta de 2h30 da tarde. Pegamos uma barriguinha da Alemanha para passar por Innsbruck, Áustria, onde não foi possível ver praticamente nada devido à chuva torrencial que assolava os Alpes... Logo, nossa vontade de parar na cidade foi para as cucuias. Chegamos a registrar 2°C na fronteira com a Itália e, após mais algumas horas de viagem, onde também tivemos que passar por uma tempestade nas proximidades de Verona, nos perdemos na entrada de Milão.

Sabem aquela famosa animação feita em Flash com umas bolinhas coloridas que tiram sarro do modo como os italianos dirigem? O trânsito em Milão é exatamente igual àquilo, é impressionante! Gente buzinando por todo lado sem necessidade, barbeiragens ocorrendo a torto e a direito, carros estacionados nas calçadas sem qualquer orientação sensata... Obviamente, levei umas buzinadas até conseguir achar novamente o hotel que tinha escolhido.

Já efetivar a entrada num hotel foi outro parto. Muitos hotéis só tinham vaga para uma noite, outros estavam completamente lotados. E olha que ficamos numa área com muitos deles, todos teoricamente baratos. Acabamos ficando num tal de Hotel Acapulco (Viale Lombardia, 59 - 20131), que não tinha café da manhã incluso mas vinha com um banheiro enorme no quarto.


Segurando compras diante da Galleria Vittorio Emanuele II

Segurando compras diante da Galleria Vittorio Emanuele II

5/Outubro - Quinta-feira - MILÃO

A canseira do dia anterior só nos deixou sair da cama depois das 10 da manhã. Iniciamos a peregrinação pela estação central de trens de Milão, onde conseguimos um mapinha turístico, e seguimos o rumo do centro até chegar ao famoso Duomo. Saindo da chique Galeria Vittorio Emanuele, tivemos que nos desviar de um bando de tietes que se espremiam na frente do hotel Duomo para ver uns boiolinhas que apareciam na sacada do quarto, parecia que eram os Backstreet Boys da Itália ou coisa assim. Conhecemos a igreja do Duomo por dentro e então subimos até o topo para apreciar a vista da cidade.

Quando chegamos à Igreja de Santa Maria delle Grazie e ao Cenacolo Vinciano para ver o famoso quadro "A Última Ceia" de Leonardo Da Vinci, descobrimos que é preciso fazer reserva para ter acesso ao quadro (somente por telefone), e que por mais dois dias as visitas já estavam completamente esgotadas! Para completar a falta de sorte, chegamos ao Museu Nacional de Ciência e Tecnologia dois minutos depois do fim do horário de entrada, às 17h02!

Descansando no átrio do castelo Sforzesco em Milão

Descansando no átrio do castelo Sforzesco em Milão

Para não desanimar, fizemos um lanche rápido, passamos pela Igreja de San Lorenzo Maggiore e suas colunas romanas e seguimos de volta ao Duomo pela Via Torino, parando nas várias lojas para fazer as inevitáveis comprinhas.


6/Outubro - Sexta-feira - MILÃO

Algo estranho estava acontecendo quando chegamos à estação de metrô Piola e ela estava fechada. "Talvez esteja em manutenção ou algo assim", pensamos, e rumamos até a estação Loreto - cujas escadarias também estavam completamente fechadas. Mais adiante, graças ao velhinho de uma banca de jornal que se esforçou para nos ajudar em inglês, tivemos que nos conformar com o fato de que todo o sistema de transporte da cidade estava em "sciopero", ou seja, em greve, até as 15h00, e então só funcionaria das 15h00 às 18h00.

No Museu de Ciência e Tecnologia de Leonardo Da Vinci

No Museu de Ciência e Tecnologia de Leonardo Da Vinci

Resignados com o fato, a única solução foi caminhar até o Museu Nacional de Ciência e Tecnologia de Leonardo Da Vinci, que se mostrou simplesmente sensacional, muito embora várias salas-laboratório só abrissem nos fins de semana (com reserva, claro) e o interior do submarino também precisasse de reserva adiantada. O lugar é enorme, tomou umas três horas do nosso tempo. Depois visitamos rapidamente o castelo Sforzesco e tomamos o metrô no horário do rush, 5 minutos antes das 18h00 e antes da volta da greve! Foi engraçado ver um monte de engravatados correndo desesperados pelas escadarias da estação central, na ânsia de conseguir pegar o último trem!

No jantar de despedida, comemos macarrão e frutos do mar num ótimo pequeno restaurante próximo ao hotel, uma pizzaria pitorescamente intitulada Non Solo Pizza. Recomendamos para quem quer que algum dia perambule por estas mesmas bandas.


7/Outubro - Sábado - MILÃO/PARIS

Os Alpes Suíços

Os Alpes Suíços
E se eu disser que estava fazendo 4°C no momento da foto?

De pé às 6h30 para uma missão de peso: dirigir de Milão até Paris, o final de nossa peregrinação de férias. Creio que o trecho chegue a mais de 800 km, não me preocupei em medir exatamente. O ponto alto do passeio foi a passagem pelo túnel do Gran San Bernardo, na fronteira entre a Itália e a Suíça, e as lindíssimas paisagens geladas das montanhas da região. O ponto baixo foi a passagem pela cidade de Besançon, na França, que achamos extremamente mal sinalizada no sentido para Dijon. A viagem foi, no entanto, extremamente tranqüila.

Qualquer um se assusta com o trânsito e a quantidade de carros que circulam por Paris... Menos nós, claro! Depois de virarmos algumas quadras em falso próximos ao Boulevard Periphérique, encontramos o caminho para Montparnasse e iniciamos a campanha para achar um hotel. Entramos em 6 a 8 hotéis e nada, tudo cheio, lotado, "complet", como eles dizem. Finalmente apareceu um (Hotel Du Départ – Rue du Départ, 19), que fica exatamente no centro de onde tudo acontece no bairro, o mesmo onde ficamos no início destas férias malucas.

Vista da Torre Eiffel de dentro do bateau mouche

Vista da Torre Eiffel de dentro do bateau mouche

Um dos únicos problemas voltou a ser a comida e os restaurantes de Paris... Pagar razoavelmente bem para sair de um restaurante com fome pode ser o estilo francês de jantar, mas não tem jeito, comer como francês não é comigo.


8/Outubro - Domingo - PARIS

Pegamos o metrô para a estação da Bastilha, e de lá seguimos caminho num clima bem relax em direção ao centro já como parisienses nativos que nem precisam olhar (muito) o mapa para sabermos onde estamos indo. Passamos pela Ile de la Cité, diante do Quai des Orfèvres, e fomos para o Quartier Latin fazer comprinhas de última hora. Muito recomendado para quem curte sebos é o Boulinier (Boulevard St. Michel, 20) - foi lá que achei bons CDs difíceis de encontrar no Brasil a somente 1 €! De lá fomos para o parque de Les Invalides e então para a praça da Torre Eiffel, que neste Domingo estava fervilhando como nunca de gente.

Fizemos um dos passeios turísticos de bateau mouche pelo Sena durante o pôr-do-sol ouvindo La Vie en Rose. Mais turista em Paris que isso impossível! E para fechar com chave de ouro, evitamos os restaurantes nativos que servem porções de passarinho a 20 € e nos esbaldamos num restaurante italiano, naquela que acredito ter sido a noite mais fria de nossa viagem, ainda mais fria que a noite em que dormimos em Salzburg.


9/Outubro - Segunda-feira - PARIS

Chegar ao local certo para devolver o carro no aeroporto Charles de Gaulle não é tarefa fácil para quem nunca teve que fazer isso. Mesmo assim, tudo correu bem, nenhuma multa e nada menos que 3.714 km rodados!

Jackie Chan filmando no aeroporto Charles de Gaulle

Jackie Chan filmando no aeroporto Charles de Gaulle

A tarde à espera do primeiro vôo Air France para Milão foi preenchida com uma surpresa nada menos que fenomenal: as filmagens de A Hora do Rush 3 bem diante do nosso portão de embarque! Ficamos grudados no local durante toda a preparação da cena, e eu até conseguia chegar bem perto do set quando os guardas relaxavam a segurança. A cena se passava no espaço minúsculo de um carro, com um dolly instalado lá dentro, mas deu para ver Brett Ratner em ação, Jackie Chan cheio de graça em seu patinete motorizado e Chris Tucker andando pra lá e pra cá. Só me arrependi de ter saído para ir ao banheiro, pois perdemos a chance de filmar o momento em que Jackie Chan deu uma volta no saguão do aeroporto e passou a uns 2 metros de onde estávamos.

A viagem de volta ao Brasil só serviu para confirmar o serviço fraquinho da Alitalia, que não tem cuidado algum com as bagagens dos passageiros e deve muito quando comparado a companhias bem mais conhecidas dos brasileiros, como a TAM.


9/Outubro - Terça-feira - SÃO PAULO/CUIABÁ

E este é o fim da viagem de férias, assim como o fim de mais este mini-diário. Que venham outros no futuro!

Texto postado por Kollision em 12/Outubro/2006