Na semana passada estive na maior cidade do Brasil, São Paulo. Em realidade, permaneci basicamente numa das avenidas mais famosas de lá, a Av. Paulista, e seus arredores.
Vários fatores conspiraram para isso. Surgiu a oportunidade de participar de um curso que eu vinha querendo fazer já há algum tempo, sobre SQL Server. Mas calma lá! Sou um iniciante no negócio, e participei do programinha de três dias apenas para aprender e me familiarizar com a manipulação básica de bancos de dados SQL e a escrita de consultas na linguagem Transact SQL. Quem vai agradecer por isso é meu colega Milton, ao qual deixarei de importunar sempre que precisar escrever qualquer consulta boba para extrair dados do módulo de manutenção...
Devo confessar que me surpreendi com a estrutura do lugar, a companhia Brás Figueiredo, situada num prédio quase no final da Av. Paulista. O instrutor foi ótimo, um dos colegas era fã de Elvis Presley (até parecia um pouco com o próprio) e a matéria era bem... digamos, light. Do hotel onde fiquei hospedado até o local do curso eu tinha que caminhar apenas uma quadra e atravessar um semáforo. Mais bem localizado impossível.
Eu saí de Cuiabá na terça à noite e retornei na sexta à noite, em vôos TAM marcados por turbulências aqui e ali. Durante a subida aqui na minha cidade, a tremedeira e a arremetida foram tão fortes que cheguei a ouvir alguns grunhidos de desespero do povão espremido na classe econômica. Tive que adiantar meu relógio duas vezes na terça-feira devido ao início do horário de verão, ficando um pouco desnorteado com o sono. No dia seguinte, café numa máquina que tomava toda uma parede, ruas coalhadas de gente, comida japonesa e corridas de táxi que demoravam mais do que deviam no trânsito caótico de Sampa. Apesar do tempo livre, a impressão que tenho é que o negócio foi tão corrido que mal deu tempo para tentar ver os poucos amigos que tenho na cidade.
O bônus de viagem foi mesmo ter tido a oportunidade de pegar parte dos dois últimos dias da 28a. Mostra Internacional de Cinema. A grande sacada: ao lado da BF fica um dos cinemas que exibiam as obras da mostra, o Cinearte I. Bastava sair do prédio depois do curso, dar 15 passos, conferir a programação do dia e quem sabe assistir a uma das sessões. Inclusive, um dos três filmes que vi foi lá mesmo, o drama musical De-Lovely - Vida e Amores de Cole Porter. Os monitores da mostra tentaram fazer um sorteio de 2 CDs da trilha do filme, mas o tiro saiu pela culatra porque a sala não estava cheia o suficiente e somente uma pessoa conseguiu achar o vale preso embaixo de uma das poltronas, isso depois de 10 minutos de alvoroço da platéia. Nem sei se o segundo CD foi encontrado depois, mesmo tendo permanecido até o final dos créditos do filme.
Uma quadra abaixo do Cinearte I fica o Cinesesc, na Rua Augusta. Não tive a oportunidade de conferir nada lá, mas o pessoal foi muito legal e me explicou direitinho onde ficavam os cinemas mais próximos e como funcionava a programação da Mostra. Os outros dois filmes que vi foram exibidos umas três ou quatro quadras mais abaixo, no Cineclub DirectTV. Na sala 3 assisti a Esther, de Amos Gitai. E na sala 1 peguei o filminho alemão Vácuo, que me atraiu bastante por causa da sinopse. Ambos fraquinhos, no entanto.
É verdade que isso não foi nem a casca de uma mostra tão abrangente. Sem referência alguma, e totalmente perdido na programação, fiz escolhas não muito felizes de filmes. Mas valeu a pena, pois cinema em grandes centros é uma coisa completamente diferente. Gente de todas as idades vivendo e respirando a sétima arte de uma forma que empolga sem parecer forçado, com um entusiasmo do qual já estou sentindo falta. Infelizmente, ainda falta muito para os cinemas ou o público em geral da velha Cuiabá atingir tal patamar de audiência.
A sala que eu mais gostei foi o Cineclub DirecTV 1. Novidade para mim foram os subtítulos digitais que são projetados numa telinha adicional abaixo da tela de projeção. Achei esquisito no começo mas logo me acostumei, apesar da dessincronização irritante durante a sessão de Esther. Como não podia deixar de ser, tirei algumas horas para fazer compras e aumentar meu acervo de filmes com os clássicos de Ed Wood Jr. e algumas pechinchas da Warner e da Universal, nas Lojas Americanas e na 2001 Vídeo.
Estando de volta ao cerrado e ao trânsito que se ama cada vez mais sempre que retornamos de jornadas em cidades com populações na casa dos milhões, avalio a viagem como duplamente proveitosa. Enriqueci meus conhecimentos computacionais mais do que esperava fazê-lo, tive um gostinho da rotina de um grande evento de cinema e anexei mais música e filmes ao meu acervo pessoal.
Na volta, um belo sorriso e um clima um pouco mais agradável me aguardavam no saguão de desembarque do aeroporto, iniciando o fim de semana tão bem quanto a semana havia começado.
Texto postado por Kollision em 9/Novembro/2004