Revisto em Blu-ray em 26-NOV-2011, Sábado
Isso é com certeza trivial para os fãs inveterados da graphic novel, mas para os que não são é preciso dizer que existe apenas um herói com superpoderes em Watchmen, e ele responde pelo nome de Dr. Manhattan (Billy Crudup). Os demais são somente humanos normais fantasiados que patrulham as ruas e combatem o crime, porém jamais em tons unidimensionais, puramente preto no branco. Manhattan é o desestabilizador da trama e foco de uma análise bastante particular sobre o impacto que um verdadeiro superser teria sobre a história da humanidade, mas a moralidade e a filosofia de todos eles é tão distinta quanto questionável, e esse amálgama de abordagens em relação ao mito do super-herói é o segredo do fascínio desta história. A transposição para o cinema foi feita com competência, não ligue para as críticas estúpidas que denigrem o ótimo trabalho da equipe chefiada por Zack Snyder.
O segundo disco do Blu-ray duplo vem com três especiais de making-of que totalizam pouco mais de uma hora e discorrem sobre vários aspectos da produção e da influência da graphic novel de Watchmen na sociedade (artística ou não). Há ainda onze especiais curtos de 2 a 5 minutos, uma matéria curta "real" sobre o Dr. Manhattan nos anos 80 e o videoclipe da música Desolation Row do My Chemical Romance.
Visto no cinema em 18-MAR-2009, Quarta-feira, sala 6 do Multiplex Pantanal
Estreando depois de um longo período de gestação que, acredito eu, fez bem à transposição cinematográfica, Watchmen é uma bela adaptação da graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons. Ela é fiel à história original, desde a caracterização dos personagens até o elevado nível de violência, que nem era assim tão explícita ou realista nos traços oitentistas de Gibbons.
Por outro lado, a mesma característica que atesta o bom trabalho do diretor Zack Snyder é também responsável pela sensação deslocada que tenho por alguns momentos quando penso no filme. E isso porque eu li a revista, pois acredito que para quem nunca pôs os olhos nela a sensação é ainda maior. Os Watchmen são um grupo de heróis mascarados que surgiu na década de 50: pessoas normais, algumas encapuzadas e outras não, que decidiram combater o crime em equipe. Alguns morreram, alguns se aposentaram e outros tiveram filhos que continuaram o legado dos pais. A ação propriamente dita ocorre nos anos 80, quando eles estão fora de circulação por força de lei e o assassinato do mais violento e canalha deles (Jeffrey Dean Morgan) inicia uma série de eventos que os trará de volta à ativa, enquanto os Estados Unidos e a União Soviética se engajam numa provável Terceira Guerra Mundial. Ou seja, temos aqui uma realidade alternativa, em alguns pontos muito parecida com a nossa e em outros radicalmente diferente. Repleta de flashbacks e personagens que aparecem somente de relance, a história é complexa e corre muito o risco de não se conectar à plateia, principalmente quando o roteiro se detém demais em um ou outro herói (como na recapitulação da origem do Dr. Manhattan).
O importante, no entanto, é que os cinéfilos de mente aberta com certeza apreciarão o filme como um todo. Mal feito ele não é, e não são mazelas como a edição global que vão maculá-lo. Malin Akerman nunca esteve tão gata quanto em Watchmen, e só isso já é crédito suficiente para parabenizar Snyder. O restante do elenco também foi muito bem escolhido, os efeitos especiais são ótimos, a atmosfera de heroísmo realista está bem implementada e o excesso de canções referenciais no início do filme é amenizado quando a história engrena. Se o principal problema de quem não gosta de filmes de super-heróis é a tal falta de "realismo", Watchmen tenta suprir esse nicho e, no meu entendimento, cumpre seu papel de forma bastante decente.