Cinema

Watchmen - O Filme

Watchmen - O Filme
Título original: Watchmen
Ano: 2009
País: Estados Unidos
Duração: 162 min.
Gênero: Ficção científica
Diretor: Zack Snyder (A Lenda dos Guardiões, Sucker Punch - Mundo Surreal, O Homem de Aço)
Trilha Sonora: Tyler Bates (Halloween II [2009], O Caminho de Santiago, Super)
Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode, Jeffrey Dean Morgan, Carla Gugino, Matt Frewer, Stephen McHattie, Laura Mennell, Rob LaBelle, Gary Houston, James M. Connor, Mary Ann Burger, John Shaw
Distribuidora do Blu-Ray: Paramount
Avaliação: 8/10

Revisto em Blu-ray em 26-NOV-2011, Sábado

Isso é com certeza trivial para os fãs inveterados da graphic novel, mas para os que não são é preciso dizer que existe apenas um herói com superpoderes em Watchmen, e ele responde pelo nome de Dr. Manhattan (Billy Crudup). Os demais são somente humanos normais fantasiados que patrulham as ruas e combatem o crime, porém jamais em tons unidimensionais, puramente preto no branco. Manhattan é o desestabilizador da trama e foco de uma análise bastante particular sobre o impacto que um verdadeiro superser teria sobre a história da humanidade, mas a moralidade e a filosofia de todos eles é tão distinta quanto questionável, e esse amálgama de abordagens em relação ao mito do super-herói é o segredo do fascínio desta história. A transposição para o cinema foi feita com competência, não ligue para as críticas estúpidas que denigrem o ótimo trabalho da equipe chefiada por Zack Snyder.

O segundo disco do Blu-ray duplo vem com três especiais de making-of que totalizam pouco mais de uma hora e discorrem sobre vários aspectos da produção e da influência da graphic novel de Watchmen na sociedade (artística ou não). Há ainda onze especiais curtos de 2 a 5 minutos, uma matéria curta "real" sobre o Dr. Manhattan nos anos 80 e o videoclipe da música Desolation Row do My Chemical Romance.

Visto no cinema em 18-MAR-2009, Quarta-feira, sala 6 do Multiplex Pantanal

Estreando depois de um longo período de gestação que, acredito eu, fez bem à transposição cinematográfica, Watchmen é uma bela adaptação da graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons. Ela é fiel à história original, desde a caracterização dos personagens até o elevado nível de violência, que nem era assim tão explícita ou realista nos traços oitentistas de Gibbons.

Por outro lado, a mesma característica que atesta o bom trabalho do diretor Zack Snyder é também responsável pela sensação deslocada que tenho por alguns momentos quando penso no filme. E isso porque eu li a revista, pois acredito que para quem nunca pôs os olhos nela a sensação é ainda maior. Os Watchmen são um grupo de heróis mascarados que surgiu na década de 50: pessoas normais, algumas encapuzadas e outras não, que decidiram combater o crime em equipe. Alguns morreram, alguns se aposentaram e outros tiveram filhos que continuaram o legado dos pais. A ação propriamente dita ocorre nos anos 80, quando eles estão fora de circulação por força de lei e o assassinato do mais violento e canalha deles (Jeffrey Dean Morgan) inicia uma série de eventos que os trará de volta à ativa, enquanto os Estados Unidos e a União Soviética se engajam numa provável Terceira Guerra Mundial. Ou seja, temos aqui uma realidade alternativa, em alguns pontos muito parecida com a nossa e em outros radicalmente diferente. Repleta de flashbacks e personagens que aparecem somente de relance, a história é complexa e corre muito o risco de não se conectar à plateia, principalmente quando o roteiro se detém demais em um ou outro herói (como na recapitulação da origem do Dr. Manhattan).

O importante, no entanto, é que os cinéfilos de mente aberta com certeza apreciarão o filme como um todo. Mal feito ele não é, e não são mazelas como a edição global que vão maculá-lo. Malin Akerman nunca esteve tão gata quanto em Watchmen, e só isso já é crédito suficiente para parabenizar Snyder. O restante do elenco também foi muito bem escolhido, os efeitos especiais são ótimos, a atmosfera de heroísmo realista está bem implementada e o excesso de canções referenciais no início do filme é amenizado quando a história engrena. Se o principal problema de quem não gosta de filmes de super-heróis é a tal falta de "realismo", Watchmen tenta suprir esse nicho e, no meu entendimento, cumpre seu papel de forma bastante decente.