Cinema

A Flauta Mágica

A Flauta Mágica
Título original: Trollflöjten
Ano: 1975
País: Suécia
Duração: 135 min.
Gênero: Musical | Ópera
Diretor: Ingmar Bergman (Face a Face, O Ovo da Serpente, Sonata de Outono)
Trilha Sonora: Wolfgang Amadeus Mozart
Elenco: Josef Köstlinger, Irma Urrila, Håkan Hagegård, Ulrik Cold, Birgit Nordin, Ragnar Ulfung, Helene Friberg
Distribuidora do DVD: Versátil Home Vídeo
Avaliação: 2

Ópera não é cinema.

O que fica bem claro principalmente depois de se assistir a este filme. Porque não se trata de adaptação para o cinema de uma das últimas e mais admiradas obras do compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756 † 1791). A Flauta Mágica de Ingmar Bergman é na verdade uma ópera filmada, e só agrada com certeza a quem aprecia esta forma de arte invariavelmente elitista e para muitos culturalmente inacessível. É preciso estar preparado para assimilar esta peça teatral filmada que, a despeito do evidente esmero técnico, creio ser capaz de botar para dormir qualquer cinéfilo que não tenha afinidade com a estética operística.

História parece ser o que menos importa no caso, porque ela existe em função da música, e não o contrário, como acontece em trabalhos de cinema. Ela gira em torno do amor entre o cavaleiro Tamino (Josef Köstlinger) e a donzela Pamina (Irma Urrila). Ele é enviado ao seu resgate pela mãe da moça, a rainha da noite (Birgit Nordin), que lhe dá de presente uma flauta mágica capaz de encantar os seres vivos quando tocada. Tamino é acompanhado pelo amigo e escudeiro atrapalhado Papageno (Håkan Hagegård), e juntos eles precisam enfrentar as forças e os desafios impostos por Sarastro (Ulrik Cold), um poderoso sacerdote que mantém Pamina em seu reino inexpugnável e guarda um segredo não revelado pela rainha da noite.

A teatricalidade imposta por Bergman não abre espaço para qualquer associação do filme com seus premiados dramas. O filme abre com as expressões da platéia que assiste à peça, sendo o enigmático semblante de uma menina presença constante durante todas as pausas que aparecem ao longo de toda a película. A música clássica, soberba para quem a aprecia, é adornada por monólogos de ópera que às vezes parecem ser intermináveis, travam o ritmo do filme e tornam a narrativa extremamente arrastada. Trata-se de um estilo ao qual eu definitivamente não me conecto, e pelo qual não nutro qualquer esperança de algum dia chegar a compreender, pelo menos no que diz respeito a peças de teatro dramáticas encenadas diante de uma câmera, seja o filme produzido para a TV (o que é o caso) ou não. Em minha modesta opinião, A Flauta Mágica é talvez o ponto mais insípido de toda a carreira de Ingmar Bergman.

Para não dizer que a experiência foi um fracasso completo, dá para afirmar que as seqüências em que o Papageno de Håkan Hagegård aparece são as que mais se destacam. Até mesmo no vozeirão o ator rouba a cena do galã Josef Köstlinger, sendo que o filme ganha muito em dinamismo e simpatia quando Hagegård está em cena. E o encontro com sua amada Papagena é provavelmente o momento mais engraçado e memorável de todo o longa. Os valores de produção e o figurino, impecáveis, ganham alguns pontos pela parte técnica. Como cinema, no entanto, o filme é um equívoco bastante superestimado.

Há um especial de uma hora com cenas de bastidores do filme na seção de extras do DVD, além de uma montagem de 5 minutos sobre a vida de Mozart e biografias do famoso compositor e do diretor Ingmar Bergman.

Visto em DVD em 21-OUT-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 24-OUT-2006