Visto em DVD em 5-DEZ-2010, Domingo
Celebrando os 200 anos da Revolução Francesa, os três filmes da chamada "trilogia das cores" têm por objetivo espelhar os ideais políticos da França, que por sua vez são simbolizados pelas cores de sua bandeira: liberdade, igualdade e fraternidade. A Liberdade é Azul é o primeiro deles, e pelo menos para mim foi difícil associar a história trágica de Julie (Juliette Binoche) com o conceito de liberdade, a não ser por meio de uma interpretação meio bizarra. Depois de perder o marido e a filha num acidente trágico, a dona decide se isolar do próprio passado, abandonando todas as posses e passando a viver uma rotina vazia e desprovida de sensações de qualquer tipo. Se tal situação é um paralelo com a ideia de liberdade, é bom saber que Julie simplesmente não consegue se desvencilhar totalmente de sua própria identidade. A linguagem adotada por Kieslowski provoca sem jamais ser intrusiva, com imagens marcantes como os vários cortes falsos de cunho operístico (fade outs que retornam à mesma cena, quebrando a expectativa da plateia e oferecendo uma janela inesperada à psiquê da protagonista) ou a passagem que mostra o cubo de açúcar na xícara de café, uma das coisas mais bonitas que já vi num filme.
O únicos extras do DVD são biografias curtas de Krzysztof Kieslowski e Juliette Binoche.