Visto no cinema em 16-ABR-2007, Segunda-feira, sala 2 do Unibanco Arteplex em São Paulo
Fazia tempo que uma ficção científica não se atrevia a perscrutar o vácuo do espaço, seja em escala mínima ou num conto que preenche todo o tempo de duração do filme, como no caso de Sunshine. A premissa é genial: com o sol em estado terminal e a Terra se tornando um bloco de gelo num futuro próximo, um grupo de astronautas é enviado numa segunda missão (por motivos obscuros a primeira falhou) para detonar uma bomba nuclear na superfície da estrela e fazê-la "pegar no tranco". Os efeitos especiais servem bem ao filme, que inadvertidamente homenageia clássicos do gênero. O diretor Danny Boyle, definitivamente dotado de um olhar cinemático de respeito, imprime uma atmosfera tensa sem ser claustrofóbica, auxiliado por um elenco afiadíssimo, e compensa arapucas de um roteiro obrigado a tomar algumas decisões difíceis para seguir adiante (a correção do ângulo das placas solares, por exemplo, soa como um desbloqueio impensável num sistema de tamanho nível de complexidade e segurança).
Mesmo assim, o resultado é um filmaço de encher os olhos de quem sente saudades do tipo de espetáculo proporcionado por marcos do gênero como 2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968). Simplesmente imperdível.