Finalmente o ícone do cinema Jack Nicholson recebe em Alguém Tem que Ceder uma coadjuvante de mesma idade e à sua altura. Pensando bem, no entanto, o que ocorre aqui chega a ser o inverso. Superior ao seu companheiro de cena, Diane Keaton é a grande sacada por trás deste filme que é uma comédia deliciosa e, ao mesmo tempo, um moderno e delicado romance sobre a terceira idade.
Marin (Amanda Peet) é uma linda jovem que namora Harry (Jack Nicholson), um homem 40 anos mais velho, bem-sucedido proprietário de várias empresas, incluindo aí uma gravadora de hip-hop. Marin é filha de Erica (Diane Keaton), famosa escritora de teatro, e é em sua casa de campo que os namorados decidem passar um fim-de-semana. O negócio não sai como esperado, já que eles são surpreendidos por uma estupefata Erica e Harry tem um ataque cardíaco, o que acaba forçando-o a ficar hospedado na residência da "sogra" até que melhore e possa voltar para casa. A princípio naturalmente repelidos um pelo outro, as diferenças entre Erica, recatada e introspectiva, e Harry, bon-vivant, mulherengo e notório por se envolver somente com mocinhas, logo são deixadas de lado quando eles percebem que têm mais em comum do que imaginam.
Diane Keaton brilha num papel que parece ter sido feito sob medida para ela. Nicholson continua com a classe de sempre, ainda que a forma como seu personagem é apresentado seja já um pouco repetitiva, e visivelmente traga de volta traços do inesquecível Melvin Udall de Melhor É Impossível. A química entre os dois funciona perfeitamente, o que rende momentos engraçadíssimos. Em contraste com a dupla de veteranos que comanda o show, Amanda Peet e Keanu Reeves (como o médico que se apaixona pela coroa Erica) fazem um contraponto interessante envolvendo a temática sobre o relacionamento entre pessoas com grandes diferenças de idade. Peet nunca esteve tão meiga quanto neste filme, e a apatia de Reeves pelo menos não compromete o resultado final.
Uma das únicas coisas que destoa do conjunto é um aspecto no mínimo estranho da vida de Harry. Jack Nicholson como dono de um selo de hip-hop? Não dá para engolir de jeito nenhum. De resto, o filme é um deleite e definitivamente merece uma conferida.
Como extras do DVD, há dois featurettes curtinhos de 3 min. com algumas entrevistas dos envolvidos no filme, trailer e uma cena excluída que mostra Harry soltando a voz para Erica em La Vie en Rose.
Texto postado por Kollision em 17/Novembro/2004