Visto via Netflix em 1-JAN-2016, Sexta-feira
Nos últimos tempos, os mundos ou futuros distópicos no cinema geralmente tendem a abarcar o máximo que podem em matéria de abrangência cênica. Apesar de ser igualmente ambicioso, Expresso do Amanhã pega o caminho oposto e obriga todo o elenco a se espremer dentro de um trem que não pára nunca e singra o planeta ao longo de milhares de quilômetros de trilhos, numa Terra devastada por temperaturas tão baixas que nenhum ser humano é capaz de suportá-las. Como a Terra chegou a este estado pouco importa, o que está em jogo mesmo é a luta de classes que se forma entre os vagões do trem, que espelha com grandes liberdades criativas a luta de classes do mundo atual. Cada vez mais descontente com o sofrimento e o abuso que ele e o resto do povo sofrem nos últimos vagões, Curtis (Chris Evans) se torna o principal participante de um levante cujo objetivo é chegar até a frente do trem e tomar o poder à força. Parte do plano consiste em libertar da prisão o responsável por abrir as portas dos vagões (Kang-ho Song), que é viciado numa droga sintetizada a partir da poluição gerada pelo próprio trem. Para cada vitória obtida num combate com poucas chances de vitória, os insurgentes precisam lidar com perdas e com uma série de revelações capazes de surpreender a plateia das mais variadas formas possíveis. Basta aceitar os absurdos tecnológicos e se deixar levar pela suspensão de descrença. A curiosidade maior é que Expresso do Amanhã é baseado numa graphic novel francesa publicada no início dos anos 80.