Assim como os demais filmes da trilogia Sissi, todos dirigidos pelo então veterano Ernst Marischka, este primeiro episódio do conto de fadas da princesa simples que tornou-se uma das mais belas rainhas de seu tempo é programação obrigatória nas TVs alemã e austríaca durante as festas de final de ano. Lá, a trilogia é tomada como filme de "mulherzinha" e, convenhamos, tal afirmação não existe sem fundamento. Feito com um padrão de produção que o aproxima dos trabalhos coloridos e fofinhos de Walt Disney, tudo em Sissi é bonitinho, alegre e destinado a fazer bater mais forte os corações de garotinhas imberbes que ainda sonham com seu príncipe encantado. Felizmente, o filme tem qualidades, e a principal delas consiste da presença radiante da alemã Romy Schneider no papel-título.
Elizabeth (Schneider), conhecida por todos como Sissi, é a segunda filha do duque Maximilian da Bavária (Gustav Knuth) e sua esposa Ludovika (Magda Schneider). Quando surge a oportunidade de desposar sua primeira filha Helene (Uta Franz), tendo a honra de torná-la esposa de seu primo e imperador Franz Joseph (Karlheinz Böhm), Ludovika não se faz de rogada e acompanha as duas filhas à corte austríaca a convite da irmã Sophie (Vilma Degischer), mãe de Franz. O que ninguém espera é que o jovem, nobre e galante imperador caia de graças pela espevitada, espirituosa e simples Sissi, o que vai contra os planos da austera Sophie. Estaria a bela Sissi destinada a se tornar imperatriz da Áustria, com apenas 16 anos de idade?
A história diz que sim, claro. E foi este filme em particular que ajudou a espalhar pelo mundo o mito de Sissi, de sua beleza sem par e de sua vida ao lado do imperador que, no final de seu reinado, seria o responsável por desencadear a Primeira Guerra Mundial. No filme não há nenhuma menção ao fato, mas Franz Joseph já estava há 5 anos comandando o império austríaco quando conheceu e se casou com Sissi. Qualquer vestígio das campanhas bélicas empreendidas pelo imperador durante este período é varrido para fora do roteiro, que toca muito levemente nos assuntos de estado da côrte austríaca e se concentra tão-somente em Sissi e em seu conto de fadas, lançando mão de muito romance e até mesmo de algum humor, na figura do capitão (Josef Meinrad) que acredita que Sissi é uma terrorista que deseja eliminar o imperador. Tudo de forma muito inocente, inofensiva e superficial.
Romy Schneider, que acabara de iniciar sua carreira no cinema com o suporte da mãe Magda (que faz o papel de sua mãe também no filme), é assustadoramente parecida com a verdadeira Sissi, a julgar pelos retratos pintados da imperatriz. Linda e extremamente carismática, sua juventude exuberante dá o tom certo à história de amor com final feliz, mesmo quando sua heroína se vê diante das dificuldades em lidar com os costumes rígidos da aristocracia real, fato que corrobora os relatos históricos da relação entre Franz Joseph e Sissi. A história em si é bastante agradável e encantadora, apesar de alguns graves problemas de ritmo, que tomam conta do trecho final do filme e transformam seus últimos quinze minutos numa tortura melosa completamente desnecessária.
Os extras da primeira edição em DVD lançada pela Flashstar se resumem a uma biografia curta de Romy Schneider e textos sobre a vida real da imperatriz da Áustria.
Texto postado por Kollision em 27/Junho/2006