Refilmagem de Forasteiros de Nova York (Arthur Hiller, 1970), Perdidos em Nova York é uma das várias colaborações cênicas entre Steve Martin e Goldie Hawn e, até onde consigo me lembrar, uma das mais bacanas. É um filme fácil de ser subestimado, graças ao tema batido e à potencial falta de assunto para preencher um longa-metragem de uma hora e meia. Felizmente, o roteiro baseado no material original de Neil Simon consegue colocar Martin e Hawn em situações engraçadas o suficiente para garantir o interesse, num típico pastiche padrão Sessão da Tarde que não faz feio em matéria de diversão rasteira.
Com o nível sexual do casamento em zero e a partida do último filho para bem longe, os publicitários casados Henry (Steve Martin) e Nancy (Goldie Hawn) descobrem que terão que passar o tempo exclusivamente consigo mesmos. Nem bem os esqueletos começam a sair do armário, Henry deixa a cidade para ir a Nova York fazer uma entrevista de emprego, sem contar à esposa que acaba de ser despedido. Assim, ela decide de última hora acompanhá-lo. Sem conhecer nada da cidade grande, os dois são atrapalhados por inúmeras armadilhas do destino e se envolvem em situações pra lá de constrangedoras, de ficar sem ter onde dormir a fornicar diante do excelentíssimo prefeito de Nova York.
Perdidos em Nova York é leve e descompromissado, e representa o veículo ideal para a técnica de comédia característica de seus dois protagonistas. Tem cenas verdadeiramente engraçadas, e faz bom proveito da química derivada do casal que se redescobre num momento de quebra da rotina. A maioria das situações é verossímil e vai fazer muita gente que algum dia já se perdeu ou teve dificuldades de locomoção num local estranho se identificar com o drama da história. É especificamente neste aspecto que o filme consegue fisgar a atenção e garantir o efêmero interesse que obras deste quilate costumam suscitar, sem revolucionar a vida de ninguém porém sem insultar nossa inteligência.
Certamente a boa impressão deixada pelo longa tem raiz também na presença iluminada do ex-Monty Python John Cleese, que coloca a fleuma britânica a serviço de um gerente de hotel implacavelmente capitalista que, às escuras, torna-se uma diva. Papel bem apropriado e típico de Cleese, que rouba a cena toda vez em que aparece. A dúvida que permanece é se é ele realmente quem levanta a perna àquela altura na cena do apartamento...
O único extra do DVD da Paramount é o trailer do filme.
Revisto em DVD em 30-DEZ-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 4-JAN-2007