Cinema

Miami Vice

Miami Vice
Título original: Miami Vice
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 134 min.
Gênero: Policial
Diretor: Michael Mann (Caçador de Assassinos, Os Tiras de Los Angeles, O Último dos Moicanos [1992])
Trilha Sonora: John Murphy (Sunshine - Alerta Solar, Extermínio 2, A Última Casa)
Elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li, Naomie Harris, Ciarán Hinds, John Ortiz, Justin Theroux, Luis Tosar, Barry Shabaka Henley, Elizabeth Rodriguez, Domenick Lombardozzi, Eddie Marsan, Tony Curran, Frankie J. Allison, Isaach De Bankolé, Ana Cristina de Oliveira
Avaliação: 7

Na época em que o seriado Miami Vice era veiculado, acredito que era no SBT, eu nem sequer passava perto de dar-lhe uma chance. Tinha coisa muito melhor passando no canal, como Chaves e Chapolin Colorado. Ou as séries da saudosa Sessão Aventura nos finais de tarde da Rede Globo. As propagandas não chamavam a atenção o suficiente e, para mim, o que muitos hoje falam da série eu já achava na época: o negócio tinha cara, e jeito, de ser bem brega.

Mente por trás do programa televisivo e mais tarde um cineasta de raro sucesso tanto junto ao público quanto junto à crítica especializada, o diretor Michael Mann teve a pachorra (que muita gente achava que ele não teria) de retornar ao universo do seriado e render-lhe uma versão para o cinema. Obviamente, com a devida atualização temporal e tudo o que a atual tecnologia de filmagem digital tem a oferecer. Basta dizer que o estilo do longa dá continuidade ao que ele já mostrara em Colateral (2004).

Trata-se de um bom filme. Violento na medida certa para uma investigação barra-pesada, carregado de tensão em várias passagens e com uma boa simbiose entre a dupla central de astros. Porém (sempre há um porém para os insatisfeitos, não é mesmo?), a impressão geral é que o resultado poderia ter sido melhor. As razões para tal estão estritamente relacionadas à caracterização de personagens e a certas decisões do roteiro, já que, no âmbito técnico, o filme é um show de cinematografia e movimentações de câmera, no estilo já consagrado por Michael Mann em trabalhos anteriores.

Enquanto história policial, a ambientação não poderia ser melhor, e mesmo o trabalho de equipe entre Sonny (Colin Farrell) e Tubbs (Jamie Foxx) e seus times de investigadores é surpreendentemente bem caracterizado. O atravancamento fica por conta da seriedade exacerbada com que tudo é conduzido. Parece que os caras estão à beira do colapso nervoso, o que só ganha reflexo nas atitudes de Tubbs mais adiante no filme, quando ele se ressente da vida policial após uma ação devastadora conduzida pelos bandidos. O Sonny de Colin Farrell é que destoa do ideal, principalmente porque seu romance com a chinesa Gong Li, namorada do chefão dos traficantes, começa de forma completamente fria e não tem força suficiente para sustentar o desfecho da história dos dois. A frieza e a panca séria do cara afundam a simpatia por seu personagem, o que não ocorre com Jamie Foxx, que protagoniza o único momento de alívio cômico na cena em que faz amor com a namorada. Ironicamente, é a única cena de todo o filme em que parece que ele está prestes a atingir todo o seu potencial.

É claro que a história não precisava descambar para a linha de um Máquina Mortífera, por exemplo. Mas um pouco de descontração não teria feito mal algum ao longa, que também peca por ser um pouco confuso em todo o trecho da reviravolta que coloca mocinhos e bandidos na reta final do conflito armado.

Visto no cinema em 27-AGO, Domingo, sala 2 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 1-SET-2006