Visto via Netflix em 25-DEZ-2024, Quarta-feira
É notório que os filmes do animador japonês Hayao Myiazaki contêm muitos traços de sua própria trajetória e história de vida, mas é certo que O Menino e a Garça representa seu trabalho mais pessoal, certamente devido a ser, de fato, o último de sua longeva e premiada carreira depois de Vidas ao Vento, lançado dez anos antes. O menino do filme é um garoto (voz original de Soma Santoki) que depois de perder a mãe num incêndio trágico se vê diante de um cenário estranho em que seu pai se afeiçoa à irmã dela, ou seja, sua tia. Quando ele se muda para o casarão onde ela vive e espera por um bebê, a aparição estranha de uma garça-real é somente o princípio de uma aventura surreal em que ele, a ave e uma das anciãs que servem à família são sugados para uma realidade paralela onde animais possuem formas ameaçadoras e rostos familiares surgem em meio ao caos. A tal garça, por exemplo, é o receptáculo para um velho ranzinza (voz original de Masaki Suda) que acaba sendo obrigado a se aliar ao garoto para que eles possam encontrar uma saída dessa dimensão alternativa. Em meio a uma história que demora um pouco para tomar forma, temas como perda, coragem, renascimento e aceitação são tratados com o lirismo característico do diretor japonês. Ganhador do Oscar de melhor longa-metragem de animação, o filme tem um escopo mais ambicioso que a média das fantasias animadas de Myiazaki, e certamente agrada mais aos iniciados em sua obra.