Cinema

Kate & Leopold

Kate & Leopold
Título original: Kate & Leopold
Ano: 2002
País: Estados Unidos
Duração: 124 min.
Gênero: Comédia
Diretor: James Mangold (Identidade, Johnny e June, Os Indomáveis)
Trilha Sonora: Rolfe Kent (40 Dias e 40 Noites, As Confissões de Schmidt, Sexta-feira Muito Louca)
Elenco: Meg Ryan, Hugh Jackman, Liev Schreiber, Breckin Meyer, Natasha Lyonne, Bradley Whitford, Philip Bosco, Paxton Whitehead, Spalding Gray, Josh Stamberg, Matthew Sussman, Charlotte Ayanna
Distribuidora do DVD: Buena Vista
Avaliação: 7

De vez em quando certas comédias românticas acabam sendo salvas pelos sidekicks. O principal membro do elenco, aquele que recebe o chamado top billing no material de divulgação, visivelmente não consegue segurar o filme sozinho. É até estranho, portanto, constatar que a loira Meg Ryan, uma das namoradinhas da América e de Hollywood dos anos 80 e 90, tem o ingrato papel de um chamariz sem muito brilho para Kate & Leopold, um filme que só é o que é graças à presença de seus coadjuvantes, em especial Hugh "Wolverine" Jackman. Tudo embalado num romance que tenta fazer graça das diferenças entre os costumes de séculos distintos, com uma mãozinha do providencial conceito de viagem no tempo.

No final do século XIX, o duque e cientista Leopold (Jackman) está prestes a se casar numa união arranjada por seu tio. A presença de um estranho de comportamento intrigante na cidade (Liev Schreiber) aguça sua curiosidade a ponto dele segui-lo através de uma tempestade. O estranho é, na realidade, outro cientista e também seu descendente, que descobriu uma forma de voltar no tempo. Os dois são arrastados de volta para a Nova York pós-anos 2000, e é lá que o deslocado Leopold acaba conhecendo a publicitária estressada Kate (Meg Ryan). Os galanteios e os modos antigos do nobre e charmoso duque causam estranheza a princípio, mas a chegada do irmão ator da moça (Breckin Meyer) ajuda Leopold a se adaptar à nova realidade.

Pode até ser culpa do tratamento que a história dá à personagem de Meg Ryan, mas ela é, visivelmente, o elo mais fraco de todos dentro da comédia e do romance comandados pelo diretor James Mangold. Isso se deve em parte à própria Ryan, que já não ostenta a mesma jovialidade de outrora, e é ratificado por uma história que a trata com um desdém capitalista que passa um pouco do ponto. No mais, as situações se sucedem com elegância, e os melhores momentos ficam a cargo de Hugh Jackman, que esbanja tino para a coisa. O filme não perde tempo com detalhes intelectualóides acerca da viagem no tempo, tão-somente mencionando aqui e ali as tais fendas no espaço-tempo que funcionam como portais naturais de deslocamento temporal. Todos os demais elementos para um encantador conto novaiorquino estão lá, e o filme só não alcança mesmo seu desejado intento graças a um final abrupto e mal planejado.

Liev Schreiber, com o aspecto frio que lhe é peculiar, traz uma inesperada nobreza ao seu papel de cientista louco moderno. Breckin Meyer, que aparentemente está fadado a incorporar o eterno adolescente em qualquer filme que fizer, tem ótimos momentos com Hugh Jackman, em passagens que funcionam como lições de um cavalheirismo que jamais sairá de moda, apesar de todo o cinismo que impera nos relacionamentos entre homem e mulher. Esta aí uma amostra de que o romantismo ainda não morreu, se pensarmos bem uma das principais razões para que obras como Kate & Leopold continuem a ser produzidas.

O DVD traz o filme na versão de cinema e na versão do diretor, que é cerca de 5 minutos mais longa. Completam o pacote uma faixa de comentários em áudio de James Mangold (com legendas), um making-of de 15 minutos, 9 minutos de cenas excluídas (com comentários opcionais do diretor), um especial rápido sobre os figurinos do filme e o videoclipe de Until, do Sting.

Revisto em DVD em 29-OUT-2006, Domingo - Texto postado por Kollision em 4-NOV-2006