Cinema

O Homem Invisível (1933)

O Homem Invisível (1933)
Título original: The Invisible Man
Ano: 1933
País: Estados Unidos
Duração: 71 min.
Gênero: Terror
Diretor: James Whale (Frankenstein, A Casa Sinistra, Magnólia - O Barco das Ilusões)
Trilha Sonora: Heinz Roemheld, Paul Dupont
Elenco: Claude Rains, William Harrigan, Henry Travers, Gloria Stuart, Una O'Connor, Forrester Harvey, Holmes Herbert, E.E. Clive, Dudley Digges, Harry Stubbs, Donald Stuart, Merle Tottenham
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 7

Nas mãos do então baladadíssimo diretor de horror James Whale, o conto fantástico de H. G. Wells ganha sua primeira versão no cinema em grande estilo, e o que é melhor, com a benção informal do próprio autor. Transposição memorável de um dos maiores mitos do desejo humano, O Homem Invisível corresponde à estréia do inglês Claude Rains no cinema falado, em papel que fôra originalmente destinado a Boris Karloff.

No final do inverno, eis que chega a uma cidadezinha do interior um forasteiro coberto dos pés à cabeça, carregando apenas uma mala e à procura de um quarto numa taberna local. Como ficamos sabendo um pouco mais tarde, trata-se do cientista Jack Griffin (Claude Rains), que foi vítima de suas próprias experiências e se tornou invisível. Disposto a tudo para encontrar uma cura para sua condição, Griffin atrai a curiosidade dos aldeões e acaba iniciando uma onda de terror que coloca toda a polícia atrás dele. Cego por sua obsessão, ele ignora os avisos do doutor Cranley (Henry Travers), seu ex-chefe e também pai da moça que lhe cativa (Gloria Stuart), e se vê forçado a recorrer à ajuda do ex-colega de laboratório Kemp (William Harrigan).

O Homem Invisível faz parte do período de ouro do cinema de horror clássico, quando as obras do gênero se viam dominadas pelos estúdios Universal e eram marcadas por monstros e criaturas aberrantes criadas pelo homem. Mesmo sendo uma das obras menores do período, o grande apelo do filme, hoje, reside muito menos em seu lado terror, e muito mais na fantasia e no escapismo que, na época, com certeza impressionou as platéias do mundo inteiro. E o maior responsável por isso são os impressionantes efeitos especiais, que "mostram" o anti-herói Jack Griffin em toda a sua glória invisível. James Whale, que dois anos antes havia entrado para a história ao levar às telas Frankenstein, abandona um pouco o estilo gótico com um pé no expressionismo que caracterizara a história do monstro, mas O Homem Invisível não deixa de trazer um quê de atemporalidade que evita que o filme envelheça, beneficiado pela enérgica e nervosa performance vocal/corporal de Claude Rains. O filme abriu as portas para Rains nos Estados Unidos, que depois deste papel viria a iniciar uma carreira bastante prolífica em Hollywood.

O esmero nos aspectos técnicos do filme fica um nível acima da narrativa adaptada, que sofre um pouco devido à natureza do Homem Invisível em si, cuja loucura crescente infelizmente denigre o apelo do personagem principal. Resumidamente, a história é "ele contra o mundo", num conto que evolui para uma caçada humana que, pelo menos, é extremamente eficaz ao lidar com as limitações e as conseqüências da invisibilidade. Há problemas com alguns papéis coadjuvantes, como no histrionismo exagerado de Una O'Connor (a senhora que atende Griffin na taberna) e no pouco tempo em cena da amada de Griffin. A moça é relegada a um papel de coadjuvante sem nenhuma expressão, e poderia ter sido excluída do roteiro sem fazer falta alguma. A grande curiosidade é que ela (Gloria Stuart) seria novamente alçada à fama mais de 60 anos mais tarde, como a contraparte idosa de Kate Winslet no Titanic de James Cameron. Outro rosto conhecido é o do professor feito por Henry Travers, que alguns anos depois viria a fazer o anjo benfeitor do clássico A Felicidade Não Se Compra (Frank Capra, 1946).

Há um especial de pouco mais de meia hora na seção de extras do DVD, sobre o diretor James Whale e a importância de seu filme dentro do ciclo de obras clássicas de horror da Universal. Há ainda uma interessante faixa de comentários do historiador Rudy Behlmer e uma galeria de fotos animada da produção.

Texto postado por Kollision em 12/Julho/2006