Cinema

Bastardos Inglórios

Bastardos Inglórios
Título original: Inglourious Basterds
Ano: 2009
País: Alemanha, Estados Unidos
Duração: 153 min.
Gênero: Guerra
Diretor: Quentin Tarantino (Django Livre, Os Oito Odiados, Era uma Vez em... Hollywood)
Trilha Sonora: Ennio Morricone, David Bowie, Lalo Schifrin, Charles Bernstein, Billy Preston et al
Elenco: Brad Pitt, Christoph Waltz, Mélanie Laurent, Diane Kruger, Daniel Brühl, Eli Roth, Michael Fassbender, Til Schweiger, Gedeon Burkhard, Jacky Ido, B.J. Novak, Omar Doom, August Diehl, Denis Menochet, Sylvester Groth, Martin Wuttke, Mike Myers, Julie Dreyfus, Richard Sammel
Avaliação: 10/10

Visto no cinema em 22-OUT-2009, Quinta-feira, sala 4 do Multiplex Pantanal

Há uma cena em especial em Bastardos Inglórios que me chamou a atenção mais que as outras. Trata-se do momento em que um personagem-chave falha miseravelmente em sua missão graças à magia do cinema. É um momento singular, porque nem se trata tanto da qualidade do que estava sendo exibido na tela grande, e sim do fato daquelas imagens estarem sendo simplesmente projetadas numa tela grande. Só isso. Temos então uma representação sutil, embora violenta e deslocada em tema e forma, da força que o cinema possui como meio de propaganda e motivação. Acima de tudo, uma declaração oblíqua de amor à sétima arte, suscitada em meio a um dos cenários mais improváveis para tal: um cinema que exibe um filme nazista durante a ocupação alemã na França de 1944.

Quentin Tarantino é um cara que prossegue refinando seu método de maneira espetacular. O cara sabe como ninguém reciclar influências de gêneros surrados pela crítica de modo a apetecer o público mais abrangente, imprimindo um senso de estilo de encher os olhos (e a mente). Seus trabalhos cada vez mais apresentam uma assinatura inconfundível, e Bastardos Inglórios prossegue a tendência ao praticamente fundir os conceitos clássicos do western com os filmes de guerra, da técnica à trilha sonora, da narrativa à encenação da violência. Há uma galeria de personagens memoráveis, dentre os quais se destacam o ardiloso coronel alemão caçador de judeus (Christoph Waltz) e a judia cuja família foi massacrada e mais tarde tem a chance de retribuir o sofrimento (Mélanie Laurent). Brad Pitt é o líder de um esquadrão secreto de judeus americanos cujo único objetivo é assassinar e escalpelar o maior número possível de nazistas na França ocupada. O grupo vê a oportunidade de acabar com a guerra quando Hitler e seus assessores mais importantes se reúnem para a estréia de um filme nazista em Paris, contando com o auxílio de uma atriz alemã (Diane Kruger) que é contra a ascensão do 3º Reich.

Sendo um longa de ficção que pega carona na história, falado em partes iguais de alemão, francês e inglês, Bastardos termina sendo um exercício fascinante ao estilo "o que aconteceria se", na maior parte um suspense que utiliza muito bem o senso geral de vingança suscitado pelo grupo de caçadores de nazistas. Tal qual o clássico Watchmen de Alan Moore, os únicos pontos de intersecção entre filme e realidade são os personagens e eventos históricos, o que resulta num retrato ácido, por vezes amargo e quase sempre incrivelmente engraçado de um período negro da história da humanidade. Imperdível.